Padre Beto 15 de setembro de 2018

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Na escola St. Nicholas, no Bronx, o padre Flynn tenta acabar com os rígidos costumes da escola, que há muito são guardados e seguidos severamente pela diretora irmã Aloysius Beauvier. As mudanças políticas sopram pela comunidade e, de fato, a escola acaba de aceitar seu primeiro aluno negro, Donald Miller. Mas quando a professora irmã James conta à irmã Aloysius sobre sua suspeita de que o padre Flynn está dando atenção exagerada a Donald, a irmã Aloysius se vê motivada a empreender uma cruzada para descobrir a verdade e banir o padre da escola. Uma dúvida paira no ar: quem, na verdade, é um bom pastor ou um mercenário.

O Verbo se fez carne não por acaso. Ele se faz humano para revelar nossa essência e a maneira como podemos viver nesta nossa existência. Portanto, quando lemos os Evangelhos é como se estivéssemos nos olhando no espelho. Ao entrarmos em contato com as narrativas sobre Jesus, estamos nos encontrando em nossa essência. Não é por menos que Jesus, como Cristo, diz ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Nós cristãos somos chamados a percorrer este caminho, viver esta verdade, para termos e gerarmos vida. Em Jo 10, 11-18, Jesus se revela como o Bom Pastor. Com isso, ele não somente se mostra próximo e acolhedor, mas também nos entrega uma grande responsabilidade. Ao seguirmos Jesus, somos chamados a ser bons pastores. Para compreendermos o que isso significa, Jesus faz um paralelo entre o bom pastor e o mercenário. O mercenário busca seu próprio interesse. Ele somente se aproxima de pessoas que possuem dinheiro, status, poder ou sabedoria, não por simples admiração a estas pessoas, mas para se apropriar de alguma coisa. O seu interesse é ele próprio. A partir do momento que as pessoas perdem seu dinheiro, status ou poder, o mercenário se afasta delas. Ainda, se as pessoas com as quais o mercenário se relaciona possuem problemas, ele é incapaz de permanecer, ele as abandona. A figura do mercenário nos lembra a personagem do vampiro. E o vampirismo é talvez uma das tendências mais presentes em nossa sociedade de consumo. O vampiro se alimenta de sangue, do sangue dos outros. Lembrando que sangue é símbolo da vida, o vampiro é aquele que suga a energia, a criatividade, o dinheiro, enfim, tudo que pertence à vida alheia, e se apropria como se fosse dele. O vampiro não se vê no espelho, pois ele não possui identidade própria. Ele veste máscaras com tranquilidade e muda estas mascaras conforme a conveniência. Ele é sempre aquele que concorda, mas concorda para permanecer e sugar o que for preciso da outra pessoa. O vampiro anda na escuridão, e assim também é a pessoa vampírica, que nunca revela sua própria face e suas verdadeiras intenções. O vampiro se relaciona com as pessoas criando estratégias e artimanhas para alcançar seus objetivos. Nós poderíamos citar vários exemplos atuais de mercenários. Um que não pode deixar de ser citado é o político oportunista, aquele que vive de mandato a mandato e vai se aposentar como político, sem se esforçar para realmente realizar seu trabalho para o bem comum. Seu principal interesse é seu bem-estar, vivendo com o dinheiro do povo. Com infelicidade, constatamos o próprio Estado como um grande mercenário e vampiro. Infelizmente, é dolorido pagar o Imposto de Renda em um país como o Brasil, pois não vemos o seu retorno nítido. Nós o pagamos o convivemos com um péssimo sistema educacional, com um ineficaz sistema de saúde, com estradas cheias de buracos ou pedágios. O bom pastor é o oposto do mercenário. Nós somos chamados a ser bons pastores e isso quer dizer se sentir responsável pelo bem-estar de cada pessoa humana e, principalmente, do que é público, pois o público é de todos. Se existem mercenários na política e se o próprio Estado não utiliza bem o nosso dinheiro é também graças a nossa passividade e complacência. Nós não somos como os nossos irmãos argentinos. Nem a praça que é pública utilizamos para refletir sobre nossos problemas comuns. Ser bom pastor é se interessar pelos problemas do ser humano. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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