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1 – Domingo do “VAI PARA TRÁS, SATANÁS!”
Marcos 8,27-35

Que significado terá uma cruz colocada na parede, por trás da mesa do gerente do banco?… E uma cruz colocada em algum prédio público, seja ele do poder legislativo, judiciário ou executivo?… E uma cruz numa sala de aula, numa loja do shopping, numa encruzilhada, ou, simplesmente, em algum recanto da casa da gente ou no peito de alguém, quer dizer o quê?…

Com que interesses o gerente do banco atende a seus clientes?… Que motivações inspiram as pessoas que atuam em algum cargo público ou repartição, seja de que setor for?… Que valores orientam a prática pedagógica das escolas, o atendimento nos estabelecimentos comerciais, os que dirigem nas estradas, as relações entre marido e mulher, entre pais e filhos, as atitudes de cada pessoa no cotidiano de sua convivência?…

Pelo sinal da Santa Cruz livre-nos Deus Nosso Senhor”… Em geral, todos buscam proteção contra os inimigos, os castigos, os perigos… E a cruz não passa de um amuleto… Alguém de todos esses e essas se orientará pela lógica da cruz, a lógica do dar a vida?… Alguém se deixa envolver pelo seu dinamismo feito de entrega incondicional, de serviço e partilha?…

É aí que a cruz deixa de ser simples adorno e passa a ser o grande desafio. Encará-lo e assumi-lo, no seguimento do Mestre, eis o que nos faz verdadeiramente “cristãos”, e, mesmo, “sacerdotes/sacerdotisas”… e nos dá o direito de celebrar a Ceia do Senhor, e cantar o canto novo dos que buscam um mundo novo, às avessas!

Desde junho de 2013, pelas ruas das grandes cidades, as pessoas vêm saindo, vestidas de verde-amarelo ou de vermelho, gritam palavras de ordem ou de protesto, de reivindicação e até de ódio… É provável que a maioria se diga e se julgue “cristãos”, “cristãs”… Muitas levarão consigo uma cruz… Quem segue, realmente, Aquele que se solidarizou com

os oprimidos e excluídos, e deu a vida por um mundo justo, irmão e solidário?…

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Dia 7 de Setembro, saímos às ruas gritan-do contra a DESIGUALDADE que gera VIOLÊNCIA! Vivemos numa sociedade em que uns poucos esbanjam, enquanto a maioria passa necessidade. Os necessita-dos podem até cometer excessos na sua luta pela sobrevivência. A solução será “intervenção policial”?… Pense e vote!

2 – Domingo de QUEM QUER SER O MAIOR
Marcos 9,30-37

A caminho de Jerusalém, uma ida sem volta, após três anos de caminhada, de convivência, de paciente evangelização, tudo ainda está por se fazer…

Enquanto o Mestre anuncia a entrega definitiva da sua vida, os discípulos discutem entre si quem deles é o maior…

Jesus precisa falar-lhes com muita clareza e dizer que a verdadeira grandeza consiste em considerar-se o último e colocar-se a serviço de todos, sobretudo dos mais pequeninos.

É a lógica da Cruz que orienta a sua vida e precisa ser assumida pelos seus seguidores.

Mas, como naquele tempo, hoje também, esse amadurecimento leva muito tempo.

Vale questionar aqui essa “Igreja de massas”, dos grandes e estrondosos eventos, das multidões delirantes a bater palmas cantar e saltar…

Será um encontro de gente que vem de pequenas comunidades, onde a vida de cada dia é compartilhada (VER)… e os “sinais dos tempos” são decifrados à luz da Palavra Sagrada (JULGAR)… e se buscam respostas concretas feitas de conversão e militância (AGIR)… onde o Reino cresce nas pessoas, fermenta os ambientes e a sociedade, e desabrocha no canto vibrante de celebrações autênticas?…

Outro dia, um irmão pastor luterano chamou-nos a atenção para esta aberração: num país com mais de 500 anos de evangelização, tantas Igrejas pregando o nome de Deus e o Amor, como ér possível que as coisas estejam do jeito que estão: nunca foi tanta a desigualdade, nunca houve tanta violência?… Seria uma falência do “Projeto de Deus”?… Será que o que está faltando mesmo não é pensar a nossa fé “politicamente”?… É mais que urgente os cristãos e cristãs tirarem as consequências políticas de sua fé: o nome de Deus só será devidamente “santificado” e honrado nesta “Terra de Santa Cruz”, quando o amor se ampliar em exercício de cidadania… em lutas por Direitos… na construção de políticas públicas que resgatem a dignidade das pessoas, que ofereçam oportunidades de desenvolvimento saudável e pleno à juventude, que ponham fim a toda exclusão, que promovam plenamente a vida. Esse foi o “Grito dos Excluídos e Excluídas” no dia 7 de setembro. Esse será o sentido maior do nosso voto no dia 7 de outubro. Nossa Fé Cristã será sendo testada. Talvez assim esse país terá jeito!

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Imaginem se toda pessoa investida de autoridade se espelhasse no Evangelho que hoje escutamos!…

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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