Em 16 de outubro, a eleição do Papa João Paulo II, aniversaria. Ele foi eleito em 16 de outubro de 1978 e entronizado solenemente no dia 22 de outubro do mesmo ano, mas quem foi este homem emissário de Cristo? De onde veio? Como chegou a ser Papa?

João Paulo II, ou melhor, Karol Wojtyla, nasceu em 18 de maio de 1920 em Wadowice-Cracóvia, sul da Polônia. Compunham sua família: seu pai Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, sua mãe Emilia Kaczorowsky, uma jovem siciliana de origem lituana, um irmão adolescente de nome Edmund e uma irmã Olga, que o mesmo nem conhecera, pois esta morreu seis anos antes dele nascer.

Desde a sua juventude o futuro Papa manifestou grande interesse pelas artes literárias na Polônia. Semelhantemente como ocorrera com Santo Agostinho, que teve sua vida modificada quando conheceu o bispo Ambrósio, o futuro pontífice teve seus sonhos de estudar filosofia e lingüística modificado, quando conhecera o Cardeal Sapieha, que contribuíra significantemente para sua vocação sacerdotal.

O grande amor e respeito que o Papa João Paulo demonstrava pelos trabalhadores e pelos pobres, em todo mundo, hoje é compreendido pela sua própria experiência vivida, antes mesmo de assumir os estudos no seminário, quando trabalhou arduamente como operário em uma pedreira.

Foi sempre um defensor dos mais necessitados. Já em 1979, no México, defendeu a realização da reforma agrária, os direitos dos índios e a liberdade sindical. São palavras de sua Santidade: “Permaneçam fiéis à sua cultura, rica em religiosidade” Em sua encíclica Sollicitudo revelou: “A igreja quer permanecer ao lado das multidões pobres.”.

Karol Wojtyla teve uma vida muito sofrida, assim talvez possamos entender tanta devoção, persistência, coragem, determinação e fé em toda sua vida. Seu pai morreu de um ataque cardíaco. Sua mãe, “alma da casa” como ele mesmo denominava-a morreu aos 45 anos. Seu único irmão, Edmundo, morreu em 1932, portanto quando ele tinha apenas 12 anos. Sua irmã Olga, nem chegou a conhecer.

Tamanho foram os desenganos, sofrimentos, do jovem Karol que fizeram Sua Santidade, certa vez em um diálogo com um amigo dizer: “Com 20 anos eu já tinha perdido todas as pessoas que amava e, mesmo aquelas que eu poderia ter amado, como minha irmã Olga, que dizem, morreu seis anos antes de eu nascer”. Entretanto aquele jovem não se deixou abater e este sofrimento forjou um homem com tanto caráter, coragem, determinação, consciência, amor e fé, como a humanidade veio a conhecer posteriormente.

Acredita-se que a devoção de Sua Santidade a Nossa Senhora nascera dessa vida sofrida. Quando da morte de sua mãe Emília ele e seu pai foram visitar o santuário da Virgem de Kalwaria tendo iniciado neste dia, provavelmente, sua devoção a Nossa Senhora, marcando sua vida profundamente.

Em toda sua existência o Papa João Paulo II sempre demonstrou muito carinho, respeito e fé nos jovens, pois em sua juventude, em plena Segunda Guerra Mundial, Karol Wojtyla, com um grupo de jovens organizaram uma Universidade Clandestina, onde estudou filosofia, idiomas e literatura. Teve que viver ocultamente durante vários anos, juntamente com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia.

Posteriormente, como pároco da cidadezinha de Niegowic apadrinhou grupos de estudo clandestinos e fundou um grupo chamado Srodowisko (ambiente) cujo objetivo era colocar os jovens em contato com a natureza, o melhor jeito de alcançar Deus, como ele mesmo afirmara.

Durante seu período de Arcebispo, na mesma Cracóvia onde nascera, caracterizou-se pela integração dos leigos, nas tarefas pastorais, na promoção do apostolado juvenil e vocacional, a construção de templos, apesar da forte oposição do regime comunista, a promoção humana e formação religiosa dos trabalhadores e o alento do pensamento e as publicações católicas.

Caracterizando mais uma vez sua dedicação a juventude em sua Visita Apostólica a Paris em 21 de agosto de 1997 ele dissera: “Cristo é sempre jovem. Nunca deixem de proclamar e de cantar a paz. Temos necessidade de alegria de viver demonstrada pelos jovens. Nela está algum reflexo da alegria primeira que Deus teve ao criar o homem”.

Sua Santidade também sempre demonstrou seu carinho, respeito e admiração pelas mulheres, defendendo-as diante das discriminações e outras agressões sofridas por elas. Sempre pregou a igualdade entre os homens e as mulheres. Em sua carta às mulheres publicada em 29 de junho de 1995 ele proclamou: “Obrigado a você, mulher, pelo simples fato de ser mulher”.

Além do coração impressionantemente humanitário, o jovem Karol Wojtyla também demonstrou sempre inteligência, e notável capacidade intelectual. Fez estudos brilhantes de doutorado na Jagellonian University, em Cracóvia. Sua obra literária ele assina sob o pseudônimo de Stanislaw Andrzej Gruda. O seu primeiro livro foi Amor e Responsabilidade, publicado em 1960, junto com o drama A Loja do Ourives, sobre o casamento.

O Santo Padre tem muitas publicações. Estudiosos de sua vida citam inclusive que antes de João Paulo II, os papas falavam pouco e escreviam muito. João Paulo falou muito e escreveu muito. Produziu dois volumes de ensinamentos com mais de mil páginas por ano. Segundo estes estudiosos ele publicou dez vezes mais documentos e discursos do que Pio XII nos 19 anos de seu pontificado. Dentre outras publicações suas pode-se citar: treze Encíclicas, doze Exortações Apostólicas, onze Constituições Apostólicas, quarenta Cartas Apostólicas, 2306 discursos durante as viagens.

Em sua Pílula da Fraternidade o Papa João Paulo II marcou sua vida de Homem-Cientista-Santo, digno representante de Cristo, mostrando a relação homem/ciência: “O « domínio » do homem sobre o mundo visível, que lhe foi confiado como tarefa pelo próprio Criador, consiste na prioridade da ética sobre a técnica, no primado da pessoa sobre as coisas e na superioridade do espírito sobre a matéria”.

Sua vida Apostólica pode ser resumida no seguinte Currículo: 1o de novembro de 1946- Ordenado sacerdote; 04 de julho de 1958- Eleito Bispo de Ombi; 28 de setembro de 1958 – Consagrado Bispo; 13 de Janeiro de 1964 –Arcebispo de Cracóvia; 26 de Junho de 1967 –Cardeal da Santa Igreja; 16 de outubro de 1978 – Eleito Papa; 22 de outubro -Entronizado solenemente.

Foi o Papa mais novo desde o Papa Pio IX porque foi eleito aos 58 anos de idade, tornando-se o primeiro papa não-italiano em um período de 455 anos (o último tinha sido o papa holadês Adrinao VI). Foi o primeiro papa de origem polaca. Seu papado foi o terceiro mais longo da história do catolicismo, com 26 anos de pontificado (ficando atrás apenas dos papados de São Pedro que fundou e dirigiu a igreja católogica, por 34 a 37 anos e de Pio IX que foi Papa por 31 anos e sete meses). Ele foi o primeiro papa no terceiro milénio.

O jovem Karol Wojtyla, o querido Papa João Paulo II, (não poderia ter adotado nome mais significativo, formado por dois extraordinários pregadores/soldados de Cristo), foi exemplo de vida: Homem defensor das minorias, da justiça e da natureza, pregador devotado, catequista incondicional, cientista ligado ao mundo, devoto pleno da Nossa Senhora. Precisamos muito ainda de seus ensinamentos e de seus exemplos de vida como sua lucidez, seu amor aos povos, sua vida, sua dignidade como representante de Cristo na terra.

O Papa João Paulo II nos deixou em um sábado, dia dois de abril de 2005, vítima da doença de Parkinson que o fizera sofrer por vários anos.

A Benção João de Deus… E do Mundo…

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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