O cuidado da saúde e educação são fundamentais para que construirmos um futuro digno para todos os brasileiros. Para além de uma questão pessoal, estes dois valores se constituem sempre numa questão sócio-econômico-política, em que o Estado tem um papel fundamental no sentido de garantir políticas públicas que garantam este direito, para todos. Num ano de eleições, em que os brasileiros vão escolher um novo Presidente é fundamental termos uma visão de como anda a questão da saúde, e cobrarmos políticas públicas resolutivas nesta área em que está em jogo a vida de milhões de brasileiros, em relação a pelo menos sete questões básicas que brevemente apresentamos nesta série de artigos: profissionais de saúde médicos, investimentos e recursos, serviços e urgência/emergência, falta de leitos hospitalares, acabar com as filas e a discriminação no atendimento e a questão da judicialização em saúde.

Profissionais médicos – contingente, escolas médicas e formação

Muitas autoridades de saúde afirmam que o Brasil já tem médicos demais e que o problema é a distribuição destes profissionais no país, nas regiões mais carentes. Aqui constatamos a existência de uma desigualdade vergonhosa na distribuição destes profissionais em nosso país. Temos hoje Brasil 443 mil médicos atuantes, o que dá uma média de um médico para 468 habitantes eles ainda estão mal distribuídos pelo país. Há uma tentativa de formar mais médicos, mas a má distribuição ainda persistirá devido à dificuldade de interiorização. No Norte e Nordeste esse número chega a 953,3 e 749,6, respectivamente. Pelos cálculos da OMS (Organização Mundial de Saúde), há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que na Europa, cuja taxa é de 33,3. O Programa Mais Médicos, e uma iniciativa importante para tentar mudar essa realidade, principalmente com a interiorização dos profissionais médicos nas regiões mais carentes do país. Criado em 2013, com forte resistência da classe medica, através do convênio firmado com a OPAS (Organização Pan Americana da Saúde) tem 18.240 médicos atuando em 4 mil municípios e 34 distritos indígenas. Mais da metade dos médicos (51,26%) são estrangeiros, sendo a grande maioria, 47,1% cubanos. O acordo com a OPAS foi renovado em 2016 para mais três anos.

Em dezembro de 2017 o Brasil tinha 291 cursos de medicina funcionando, sendo que 30% deles foram abertos a partir de 2013, graças à nova legislação. Com os cursos recém-abertos, o Brasil saltou de um patamar de 17.267 novos médicos formados em 2012 para um potencial de formar 29.996 profissionais por ano, o que, para as entidades médicas, não é um crescimento sustentável. O Governo, via Ministério da Educação, proibiu a abertura de novos cursos por um período de 5 anos, sou seja, até 2023. Temos mais faculdades de medicina que a Índia que tem 1.3 bilhão de habitantes.

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E a qualidade de ensino médico? Existe a necessidade de capacitar docentes, do ponto de vista técnico-cientifico, humanístico e ético, para melhorar a qualidade do ensino, principalmente nas novas escolas de medicina. Além disso, faz-se necessário o monitoramento do jovem profissional, para que a população receba um atendimento de qualidade, digno e humanizado.

Longa espera para marcar consulta, exames, cirurgias… gente que morre na fila!

Esperar com esperança e sem dúvida alguma uma das maiores virtudes do povo brasileiro. Mas quando se trata de situação e saúde, e ainda mais de emergência, estamos diante de uma situação crítica. Não dá para esperar. Precisamos de atendimento rápido, eficiente e eficaz. O SUS realiza bem menos consultas, exames e cirurgias do que poderia e deveria realizar. O Brasil apresentou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o 27º colocado entre 30 países. Taxa muito inferior ao dos países mais bem colocados: Coréia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8). Segundo o pesquisador, não mudou muito desde então. Especialistas em saúde pública afirmam que a demanda é maior do que a oferta. Desde 1988, foram incluídos no SUS 90 milhões de novos usuários, mas o investimento em saúde continuou o mesmo apenas US$ 400 por habitante/ano.

Em se tratando de atendimento de urgência e/ou emergência a situação fica muito pior. Os doentes e familiares, precisando esperar longamente pelo atendimento, não costumam ser tolerantes com o atendimento prestado em postos de saúde e nos setores de urgência/emergência de hospitais. Entre 13 tipos serviços públicos, este e considerado o “de pior qualidade” na avaliação da população. Nos serviços prestados pelo SUS, simplesmente reprova estes serviços com os índices de 31,1%, os postos de saúde e 31,4% os serviços de urgência ou emergência.

Faltam leitos hospitalares

O aumento do número de leitos situa-se como sendo a terceira providência que o Governo deveria tomar para melhorar a saúde pública brasileira, segundo entidades ligadas na área. Nos três primeiros meses de 2018, a falta de leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros. De acordo com a Associação Nacional de Hospitais Privados, o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do recomendado pela OMS (entre 3 e 5). Ainda segundo o CFM, entre 2010 e 2015, o Brasil perdeu 13 leitos por dia, num total de 23.565 vagas. As maiores reduções foram, proporcionalmente, no Rio de Janeiro (22%), Sergipe (20,9%), Distrito Federal (16,7%), Paraíba (12,2%), Goiás (11,5%) e Acre (11,5%). Já o déficit de leitos em UTI neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano (2018) da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O país tem, em média, 2,9 leitos por mil nascidos vivos (no SUS, essa taxa e de 1,5), abaixo dos 4 leitos recomendados pela entidade. (continua)

Obs: Texto retirado http://www.a12.com/redacaoa12/pe-leo-pessini

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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