D. Edvaldo G. Amaral 15 de agosto de 2018

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Certa vez aconteceu em Maceió que um adolescente, diante do corpo de seu pai, um político misteriosamente assassinado, disse à mãe: “Antes da vida, nada! Depois da vida, nada! Então, para que a vida?” É a visão materialista da vida, sem a luz cristã.

Temos medo de morrer, é verdade. Mas… e os santos?

Domingos Sávio, santo aluno de Dom Bosco, morreu dizendo: “Oh! Que bela coisa estou vendo!” O fato foi declarado por seu pai, sob juramento, no processo de canonização.

São Cirilo, eslavo, cuja festa celebramos neste mês e que, com seu irmão Metódio, criou o alfabeto chamado cirílico, e traduziu os textos litúrgicos para a língua eslava, antecipando assim de onze séculos o Concílio Vaticano II, morreu em Roma em 14 de fevereiro de 869. Na hora da morte, cantava: “Meu espírito alegrou-se quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!” Erguendo as mãos para o alto, orava com lágrimas. “E assim, narra sua biografia eslava, adormeceu no Senhor, com 42 anos de idade.”

Santa Teresinha de Lisieux, a jovem carmelita, falecida aos 30 de setembro de 1897, com 24 anos, muito querida do povo brasileiro, ao Padre Capelão que lhe perguntara se estava resignada a morrer, respondeu: “Ah, meu Padre, parece-me que precisaria mais de resignação para viver; quanto a morrer, é para mim uma inefável consolação.” É o eco da expressão paulina: Cupio dissolvi et esse cum Christo – “ Desejo morrer para estar com Cristo.” A Superiora, que era a Madre Inês de Jesus , sua irmã Paulina, fez um apêndice na “História de uma alma”, – maravilhosa autobiografia, que enriqueceu a hagiografia cristã – relatando os últimos momentos, vividos nesta terra pela santinha de Lisieux. Relata a Madre Inês que as últimas palavras de Teresinha foram: “Oh!…Amo-o! Meu Deus, eu vos amo!” Inclinou a cabeça para a direita e nessa posição ficou alguns minutos. Depois reergueu-se de improviso, abriu os olhos e ficou bastante tempo fitando o alto, até fechá-los definitivamente. Sua face guardou inefável sorriso, que lhe animava o semblante, atesta a Madre Superiora.

O que ocorre não é medo de morrer, é falta de fé no que nos espera depois dessa vida.

O que nos inquieta é para o que nos abre a porta da morte.

Com fé, digamos com o salmista: “Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?” (Salmo 41).

Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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