Padre Beto 1 de agosto de 2018

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Sean Porter é um frustrado oficial de justiça criminal de adolescentes. A maior parte dos jovens de seu campo de detenção volta para a prisão quando são soltos ou morrem de forma violenta quando voltam às ruas. Com o intuito de fazer diferença na vida desses jovens, ele e seu colega de trabalho Malcolm Moore colocam em prática um plano para ensinar disciplina e responsabilidade. “A Gangue está em Campo”, de Phil Joanou, é um emocionante filme baseado em uma história verídica sobre um grupo de adolescentes delinquentes que conseguiram uma segunda chance de transformar suas vidas através do futebol americano. 

No discurso escrito no Evangelho de João 12, 20-33, Jesus contradiz toda a filosofia pregada pela nossa sociedade de consumo e por muitas palestras motivacionais. Jesus afirma que quem faz pouca conta de sua vida neste mundo vai conservá-la para a vida eterna. O que encontramos em nossa mentalidade social é justamente um apelo contrário. Nós vivemos na sociedade que prega o não-sofrimento (a busca do prazer constante), do não-conflito (mesmo diante de situações injustas evitamos criar conflitos, mesmo que nossa consciência nos mostre que devemos falar, nos calamos para não entrar em um embate), da cegueira (fechamos os olhos diante de situações absurdas), do analgésico (nos anestesiamos com os meios de comunicação de massa), do ter (nos alegramos com o poder de consumo), do espetáculo e sucesso (temos que buscar alcançar metas que nos projetem no meio social) e do individualismo (cada um deve cuidar de sua vida particular). Para Jesus, estar em sintonia com Deus e viver a vida eterna (realidade que não começa na pós-morte, mas deve ser vivenciada no aqui e agora) significa fazer pouca conta de “sua” vida neste mundo. Desta afirmação tiramos duas conclusões importantes. Primeiro que, ao deixarmos de nos incomodar com nossa segurança e nossa projeção social, somos mais livres para arriscar e abraçar a vida em sua totalidade. Nós aprendemos que devemos fazer aquilo que pensamos não sermos capazes de fazer. Desta forma, nos atiramos na vida sem medo e sem o receio de perdê-la. Aqui está o sentido da imagem utilizada por Jesus. Se o trigo cair na Terra deixa de ser trigo e morrendo dá muito fruto. Cair na terra é se envolver nas situações da vida procurando transformá-las em vida. O cristão é aquele que interage ativamente com toda a situação a sua frente. Ele se faz realmente “presente” no sentido etimológico da palavra, ou seja, estar diante de alguma coisa. Mas esta presença não é de espectador, mas de ator ativo na cena. O trigo que permanece grão acaba secando e morrendo sem gerar frutos. O ser humano que quer se proteger da vida não se envolvendo nas situações acaba construindo uma existência medíocre e morrendo, deixando de viver ou dar frutos. Diante das situações, o cristão se sente comprometido. Jesus sente-se angustiado diante do sofrimento da cruz, mas “foi precisamente para esta hora que eu vim”, diz Ele como Cristo. Diante de qualquer situação, o cristão precisa dizer “foi precisamente para esta hora que eu vim”, eu estou aqui diante desta situação para realizar alguma coisa de bom. Isso para ele é uma necessidade, caso contrário, ele está negando sua essência de cristão. 

A segunda conclusão que tiramos é que o cristão nunca pensa individualmente, mas sempre coletivamente. O Evangelho não é um livro de auto-ajuda para se libertar individualmente de problemas como depressão, desânimo, etc. O Evangelho é um compromisso com a vida, no sentido de se criar uma felicidade coletiva e nunca individual. O cristão não se salva sozinho, mas sempre coletivamente. Sua missão é a transformação da vida das pessoas e da sociedade em que vive. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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