Estava na cara que este ano teria dois tempos. Como no futebol. O primeiro tempo já foi, com a copa e tudo. Agora começa o segundo tempo. É o processo eleitoral, que terá seu desfecho em outubro.
Falar de futebol é fácil. O assunto é convidativo. Mas falar de política é mais difícil. E de minha parte, não teria nenhuma motivação para importunar quem quer que seja, puxando o assunto da política.
Mas acontece que desta vez as eleições vão nos colocar desafios difíceis, que vão solicitar nosso posicionamento.
Como barco desgovernado, o país foi derivando para situações limites, que requerem uma urgente mudança de rumos.
No regime democrático, em que os governantes são eleitos pelo povo para assumirem a administração pública, há momentos em que só as eleições têm a capacidade para produzir consensos mínimos para a superação dos problemas existentes.
Estamos vivendo este contexto de tensão política, que cada eleitor tentará traduzir em voto.
A realidade vai nos interpelar. As eleições terão esta incumbência. É preciso que o resultado eleitoral se torne a expressão de um novo consenso, que é inadiável.
Estamos vivendo uma forte crise de confiança nas instituições republicanas. Há uma insegurança generalizada nas esferas do poder público. Vemos com apreensão a pouca credibilidade de quem exerce a presidência da República.
Mesmo que a campanha seja mais breve, ela vai envolver muito mais do que outras que já tivemos. As propostas vão interpelar de maneira mais incisiva. E vão provocar manifestações mais fortes, posicionamentos mais claros, e propostas mais concretas, suscitando manifestações que vão incidir no resultado das eleições.
Na medida em que os problemas políticos se tornam mais agudos, o debate se tornará mais forte, e as discussões serão mais acaloradas.
Em princípio, uma campanha eleitoral se destina mesmo para a manifestação de convicções e de propostas. A propósito, aí emerge uma preocupação, que vale a pena explicitar. O debate político não pode descambar para o fanatismo e para a violência.
Será um desafio levar adiante a campanha eleitoral, no contexto de diálogo, que propicie um ambiente de abertura, tanto para propor, como para acatar posicionamentos políticos.
Precisamos eleger um novo Presidente da República, os Deputados Federais e Estaduais, e dois terços dos Senadores.
Em especial, o novo Presidente deverá ser a expressão de um amplo consenso, que possibilite a participação de todos na solução dos nossos problemas.
São recomendações que nem precisariam ser feitas, mas que expresso aqui, na esperança de que se tornem desnecessárias.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.