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1. Domingo dos Doze Enviados
Marcos 6,7-13

Não é porque somos os mais inteligentes, os mais hábeis e preparados, que Deus conta conosco para alguma coisa… Por entre pescadores e pecadores, Jesus escolheu os que ele quis e os enviou. E a missão era, simplesmente, a de chamar o povo para o acordo com Deus (conversão) e libertá-lo das forças do mal que imperam no mundo, adoecendo-lhe as almas e os corpos…
A importância dos escolhidos e enviados não está nas coisas que normalmente dão IBOPE, prestígio e status. Antes, é entre os mais simples que Deus e seu Filho fazem suas escolhas. A importância dos enviados está, então, em quem os envia: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”, dirá Jesus na tarde do domingo da Ressurreição.
Nosso encontro, hoje, aqui e agora, com o Ressuscitado, nosso canto, especialmente, deve ser capaz de nos renovar a consciência, a coragem e até o prazer de sermos, hoje, aqueles e aquelas que o Senhor envia. E tem tanta gente à nossa espera…

Por sinal, para o dia 10 de agosto próximo, todo o povo, e muito especialmente, toda a Classe Trabalha-dora, estamos sendo convocados para o DIA DO BASTA! Na mira dos dirigentes sindicais e dos Movimentos Populares, está o DESEMPREGO e a “REFORMA TRABALHISTA”. Como Cristãos e Cristãs, de olho nos Sinais dos Tempos, não deveremos acolher esta convocação como um chamado de Deus, uma missão que Jesus nos está confiando?… Nesta hora de trevas, em que toda a Nação se contorce em dores, para que estas dores sejam convertidas em dores de parto, quanto será importante a participação de cada um, de cada uma de nós. Como indivíduos e como coletivos (Comunida-des, Movimentos etc.), precisamos não só garantir presença, mas também atuar como militantes, convocando todas as pessoas de nossa convivência para esta grande mobilização. E o clamor da Nação, pela nossa boca, será ouvido no Céu e na Terra. E uma nova realidade nascerá!

Esta palavra de Deus, irmãos, acolham,
Porém, não como palavra de um de nós…
Muito ao contrário, qual verdadeiramente
Uma palavra de Deus, divina voz!

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PAPA FRANCISCO: aos Movimentos Sociais da América latina – Bolívia:
<<Boa tarde a todos! Há alguns meses, reunimo-nos em Roma e não esqueço aquele nosso primeiro encontro. Durante este tempo, trouxe-vos no meu coração e nas minhas orações. Alegra-me ver-vos de novo aqui, debatendo os melhores caminhos para superar as graves situações de injustiça que padecem os excluídos em todo o mundo. Obrigado, Senhor Presidente Evo Morales, por sustentar tão decididamente este Encontro. Então, em Roma, senti algo muito belo: fraternidade, paixão, entrega, sede de justiça. Hoje, em Santa Cruz de la Sierra, volto a sentir o mesmo. Obrigado! Soube também, pelo Pontifício Conselho «Justiça e Paz» (…), que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos movimentos populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vós, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada diocese, em cada comissão «Justiça e Paz», uma colaboração real, permanente e comprometida com os movimentos populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais a aprofundar este encontro. Deus permitiu que nos voltássemos a ver hoje. A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, teto e trabalho para todos os nossos irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina e em toda a terra.>>

2. Domingo do Pastor das ovelhas abandonadas
Marcos 6,30-34

Os discípulos estão voltando da sua primeira experiência missionária. Têm muito que contar e, com certeza, pergun-tas a fazer, dúvidas por esclarecer e, sobretudo, necessidade de descansar, na intimidade do Mestre.
Jesus mesmo sugere este gostoso retiro. Mas as multidões, tocadas por uma palavra diferente e cada vez mais sedentas dessa novidade boa que vinha sendo anunciada, correm atrás de Jesus e sua turma, che-gando, primeiro que eles, do outro lado do lago.
E agora?… Quem não precisa de um pouco de repouso?… Quem não merece umas férias?… O problema não é esse.
Quando o que nos move e urge é o amor de Cristo, só vale um critério: alguém está precisando da gente, aqui e agora?… Tantas ovelhas abandonadas, tanta gente sem rumo, tanta solidão à espera de alguém, tanta fome e sede de justiça…
Aí está o desafio! Quem lhes vai ao encon-tro e quando?… Amanhã ou depois?… Hoje, mais tarde?… Aqui e agora?… Só o amor do Pastor que se enche de compaixão diante da multidão dos que não têm nin-guém por eles é que vai determinar o que precisa ser feito, quando e como… Se dá para descansar ou não.
E neste encontro com ele, hoje, que o nosso canto nos faça sentir, ao mesmo tempo, a fome das ovelhas e as urgências do Pastor.

No presente momento do mundo e da Igreja, quem melhor encarna a figura do Bom Pastor que o Papa Francisco?… Nos três surpreendentes encontros com os representantes Movimentos Popula-res: aí estão as ovelhas às voltas com um sistema capitalista cruel e surdo a seus clamores… Aí está o pastor com-padecido das ovelhas famintas e seden-tas de justiça… E o pastor nos convoca todos e todas a nos colocarmos junto às ovelhas, a quantos hoje sonham com um mundo diferente e por isso lutam. Somos todos pastores e pastoras, aqui e agora!

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VALE A PENA RELEMBRAR:
Do Discurso do Cardeal Turkson, por ocasião do 2º Encontro Internacional dos Movimentos Sociais Populares com Papa Francisco, na Bolívia:

1. O mundo precisa avançar num processo de mudança em defesa da Terra e da dignidade das pessoas. Esta tarefa não é exclusiva dos líderes religiosos, dos cientistas, dos políticos ou dos empresários, mas de toda a humanidade.
O grito, a queixa, o protesto e a pressão dos pobres são de vital importância para que os poderosos do mundo compreendam que assim não dá para continuar. A Igreja quer escutar este grito e juntar-se a ele.
2. Os pobres têm-se organizado para resistir à exclusão social, à escandalosa desigualdade e à degradação de seu ambiente. Assim, têm criado Movimentos não só para protestar contra a injustiça, mas também para resolver, com suas próprias mãos, os problemas de acesso à Moradia, à Terra e ao Trabalho, que nem os Estados nem o Mercado resolvem. A pesar da precariedade, são semeadores de terra, construtores de moradias e criadores de trabalho.

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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