15 de julho de 2018
Conta-se que duas cidades, unidas pelos corações, foram separadas por um rio que as queria longe uma da outra, porém dependentes no seu viver, pois todo seu crescimento vinha das águas do rio – alimento que lhes era dado dia após dia.
Assim, essa gente que foi separada pelo rio procurava compensar a distância, atravessando o rio, todos os dias, de barco com carrancas na proa para afastar maus espíritos e proteger as embarcações ou nadando. E, anos mais tarde, por cima da ponte que não mostrava a separação como algo doloroso e definitivo. Ambas as terras tinham o solo rico e no ar, sempre com um cheiro de árvores, de flores, com o canto dos pássaros silvestres, corria a brisa do rio dos dois lados das cidades, que se olhavam pelas margens do rio.
Assim, elas se amam e têm a sua crença em Nossa senhora das Grotas que protege a cidade de Juazeiro, na Bahia e, do outro lado, Petrolina, que tem a proteção de Nossa Senhora Rainha dos Anjos.
Essas duas forças santas são usadas para que, quando a serpente que vive na Ilha do Fogo e presa em três fios do cabelo de Nossa Senhora consiga romper o último que falta, as cidades não sejam destruídas.
Essa união está selada na convicção religiosa as mantêm firmes, prósperas e vigilantes e que as fazem respeitar o Nego d’Água, menino do rio, que cuida de suas beiradas e não permite que tomem banho nela, à noite. Flagrado alguém, ele chega ao extremo de matar, assim diz a lenda.