Dasilva 15 de julho de 2018

Fazer é a única forma de mostrar que é possível mudar o Mundo” E. Galeano

1. Toda ação serve a uma intenção. Quem faz uma ação pode ser apenas alguém que cumpre uma tarefa. Quem faz uma ação pensada já é um alguém que tem planos. E quem faz uma ação para mudar o mundo deve ser alguém que abraçou a causa da sociedade livre, fraterna e feliz. Com essa certeza na frente e a história na mão, o missionário ou a militância segue como se visse o invisível e se entrega apaixonadamente por seu sonho.

2. Em tempos de golpes e perda de direitos, é preciso resistir para romper o cerco e o aniquilamento que nos isola e esmaga. O perigo é cair na tentação de descrer no povo, ser impaciente, iludir-se com eventos grandiosos, revoltar-se ou desesperançar. Se a hora é de subir a montanha, se diminui os passos. O tempo da resistência serve para reafirmar a sublime missão de colorir o universo e, por isso mesmo, de pintar, desde já, a própria aldeia.

3. É pouco só avisar que a casa está pegando fogo; é preciso pegar balde e mangueira, convocar a vizinhança e socorrer a casa ameaçada. Pois, quem sabe o que fazer e como fazer, mais ainda não fez, ainda não tomou consciência. Tomar consciência é tomar uma posição diante da situação. E o mundo só tem dois campos: o campo das pessoas que querem a liberdade para si e o campo das pessoas que querem a felicidade coletiva.

4. A história mostra que o povo só se mexe quando pensa que vai perder ou imagina que vai ganhar. O povo está cansado de discursos e promessas que nada mudam. Só acredita em ações que resolvem problemas concretos do dia a dia como trabalho, comida, casa, saúde, segurança, dignidade, beleza… O povo confia em ações que podem ser vividas e sentidas e só avança se conquista vitórias – ao sentir na vida que pode, o pobre entende que vale.

5. Dificuldade não é desculpa, é desafio para mudar. A pessoa já pode mudar sua aparência, sua comida, humor, estudo, gosto musical… como espelho daquilo que sonha para o futuro. Já pode arrumar e enfeitar a própria casa; convencer vizinhos a embelezar praças e lugares históricos, fazer passeios e fazer teatro. Mudar coisas que parecem insignificantes; depois, mudar coisas importantes e, por fim, mudar realidades que parecem impossíveis.

6. As ações mostram ao povo que ele é um ator com grande poder. Por isso, a experiência de fazer mudanças concretas também pode mostrar ao povo a necessidade de transformar, pela raiz, a sociedade dividida em oprimidos e opressores. Se a mobilização de multidões pode virar cinza, também as pequenas ações podem morrer quando não crescem. Então, é preciso apostar em pessoas, lugares e processos capazes de multiplicação.

7. É preciso investir em ações que possam universalizar-se porque se tornaram referência. A experiência exemplar pode ser pequena, mas se irradia, se multiplica, se reproduz, se recria… conforme os tempos e culturas, e produz impacto. Priorizar pessoas e ações não é excluir, é concentrar esforços num exemplo, ponto de partida, que pensa na multidão, ponto de chegada. A multidão é sementeira permanente de outras iniciativas e militantes.

8. Fazer um sopão comunitário, festejar um aniversário ou partilhar um ponto de bordado pode ser a primeira escola onde o povo aprende a usar seu poder a serviço da mudança para a maioria. A ação de falar e de ouvir, de propor e de negociar, de ganhar e de perder, de disputar e de decidir, de comandar e de obedecer, de responsabilizar-se e de cobrar, de sugerir e de conquistar estimula a saudável ambição de ser gente e de ter o poder coletivamente.

9. Toda pessoa deve ser parte do processo para poder participar do resultado – esse é o segredo da mudança popular. Autoritarismo e populismo produzem clientes e votantes; assistencialismo atrai plateias e dependentes. Só a ligação da conquista com a consciência cria sujeitos políticos. A ação de mudança parte da porta que o povo oferece, mas chega as raízes da injustiça – dar comida aos pobres e perguntar porque eles passam fome.

10. Pessoa consciente é pessoa educadora: se mete na massa; se desfaz da arrogância, aproxima-se do povo e disputa para mudar a realidade do lugar. Sem mudar o meio onde o povo vive é inútil mudar o comportamento. Quando o povo toma consciência do seu potencial, deixa de ser figurante: a força adormecida vira força real capaz de superar a exploração. A militância planta a Esperança quando diz: sim, mano, tu podes! Levanta-te e faz agora!(21.03.18)

Obs: Imagem enviada pelo autor: portaljudaico.com.br

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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