Padre Beto 1 de julho de 2018

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Reginaldo, o irmão mais novo e único negro na família, se sente deslocado pela sua diferença racial e passa a procurar obsessivamente seu pai biológico. Dario sonha com uma carreira de jogador de futebol, mas, aos dezoito anos, não consegue de forma alguma um espaço dentro de um clube esportivo. Dinho, que esconde um passado comprometedor, busca redenção na religião evangélica. Dênis, o mais velho e o mais ousado dos outros irmãos, tenta correr atrás de seus objetivos em cima de uma motocicleta. No centro desta família está Cleuza que trabalha duro como empregada doméstica enquanto luta para manter os filhos na linha. “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas, narra o dia-a-dia de quatro irmãos e uma mãe que tentam reinventar sua realidade.
O período de Jesus no deserto é muito significativo, pois nele Jesus deve fazer uma escolha que irá determinar todo o sentido de sua existência. Para compreendermos este significado é necessário desmistificar uma expressão utilizada pelo Evangelho de Marcos: Jesus foi “tentado por satanás”. A expressão “tentação” pode ser entendida nos dias de hoje como um momento de decisão, de dúvida diante de uma escolha. Mas a grande questão que confunde a mente de muitas pessoas ainda hoje é a personagem “satanás”. Esta é uma personagem literária que veio da cultura popular hebraica. É preciso entender a sua origem para que possamos nos conscientizar da sua não existência. Em outras palavras, não existe uma personificação do mal que faz dos seres humanos marionetes do seu desejo. Esta personificação do mal foi uma criação histórica dos seres humanos. O povo hebreu acreditava somente na existência de Javé, o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Com a dominação política Persa sobre o povo hebreu, aconteceu a dominação cultural e com esta a influência religiosa. Ao contrário dos hebreus, que eram monoteístas, os persas acreditavam na existência de dois deuses: o deus do bem e o deus do mal. Aos poucos, o deus do bem dos persas foi sendo compreendido pelos hebreus como Javé. Mas o que fazer com o deus do mal. Se os hebreus aceitassem a existência deste deus eles deixariam de ser monoteístas e fieis a Javé, negando a identidade de sua religião. Com o passar do tempo, a cultura popular hebraica foi assimilando a figura do deus do mal, mas transformada em um anjo de luz (lúcifer) tão perfeito que almejava ser maior que Deus. Assim foi surgindo, aos poucos, a figura de um anjo do mal, satanás, na cultura popular hebraica. Do folclore hebraico esta figura acaba passando para as Escrituras Sagradas. Não no início com o Gênesis, pois a serpente não é a personificação do mal. Esta aparecerá no livro de Jó e depois irá se solidificar nos textos chegando aos Evangelhos. Através deste processo imaginativo surge o maior “bode expiatório” do ocidente judaico-cristão. Na Antiguidade, toda a explicação de um ato mal e destruidor era atribuído a satanás e na Idade Média esta crença irá evoluir e se aperfeiçoar. Hoje, infelizmente, nos encontramos em um retrocesso teológico e histórico em relação a esta personagem. Em pleno século 21 é alimentada através de celebrações a expulsão de satanás como o grande autor dos malefícios a nossa volta e em nosso interior. A questão é que todo mal que existe é da autoria do próprio ser humano, pois esta figura chamada satanás simplesmente não existe. Nós é que temos que nos conscientizar de nossa responsabilidade frente a nossa vida e nosso universo social e tomar as decisões corretas para que o Reino de Deus seja concretizado entre nós. Justamente é o que acontece com Jesus no deserto. Naquele momento Jesus precisa decidir entre dois caminhos: se tornar um rei poderoso que unirá a nação judaica, ou viver e pregar os valores universais divinos como o amor ao próximo e o amor radical à vida. Neste momento do deserto, Jesus toma a decisão de ser o Cristo. Nós nos tornamos um Cristo à medida que assumimos a responsabilidade de amar nossos semelhantes e radicalmente a vida, denunciando o que está errado e sendo automaticamente agentes transformadores e construtores de uma sociedade justa e fraterna.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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