elza fraga 15 de julho de 2018

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Não aquela tristeza vinda de longe por alguma coisa que não se identifica, aquela melancolia que chora pra dentro da gente, silenciosa, discreta, que não molha fronhas e nem escorre água por retinas doloridas, que se esconde atrás de sorrisos fartos, tão falsos como é falsa a vida.
Quero estar triste daquela tristeza identificada, minuciosamente estudada, puxada do fundo, sacudida, espicaçada, suicida, com nome e sobrenome, com responsáveis e culpados, com julgamento e veredicto, sem pudor de se mostrar medonha.
Preciso da tristeza que, exibida, pula a janela, grita, faz estardalhaço, angaria adeptos, divide opiniões, foge pra rua e se mostra nua, contamina passantes e segue adiante, corre e se eterniza num suspiro infindo.
Porque hoje preciso de um mundo de tristes, um mundo de gente que saiba quanto dói viver nesse pedaço insano do universo.
Hoje não quero verso, só quero música direto na veia, não quero companhia nem paliativo, quero só a dor aqui comigo a me acarinhar e a me guiar os passos, não quero o remédio que cura, não quero que alguém, num gesto de bondade, me segure no colo, me diga coisas bonitas.
Quero só doer até acabar tudo, porque uma hora acaba, eu sei que acaba, é só ter mais um pouquinho de paciência e não se deixar envolver por palavras que mentem, fechar os ouvidos, não escutar os dementes que sussurram que tristeza passa.
Porque agora eu sei, tristeza – de tudo na vida – é a única coisa que não passa. Enquanto se conseguir​ andar, mudar o passo, enquanto no peito bater um coração, não tem jeito, tem tristeza ali, morando no compasso.

Obs: Imagem enviada pela autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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