Necessitamos de uma base doutrinal mínima de valores partilhável para que a convivialidade seja verdadeira e que permita responder simultaneamente e em escala planetária, ao menos, cinco questões essenciais, nos diz o Manifesto Convivialista: A questão moral: o que é permitido as pessoas esperar e o que devem elas se proibir?, a questão política: quais são as comunidades políticas legítimas?; a questão ecológica: o que nos é permitido retirar da natureza e o que devemos lhe restituir?; e a questão econômica: qual quantidade de riqueza material nos é permitido produzir, e como devemos produzir, de modo a sermos coerentes com as respostas dadas às questões moral, política e ecológica? E finalmente a questão relacionada ao sobrenatural: a questão religiosa ou espiritual, ou seja, a questão da busca do sentido.

São identificados alguns princípios que são sustentação a este projeto de convivência, a saber: Princípio de comum humanidade: acima das diferenças de cor de pele, de nacionalidade, de língua, de cultura, de religião ou de riqueza, de sexo ou de orientação sexual, há somente uma humanidade, que deve ser respeitada na pessoa de cada um de seus membros.

Princípio de comum socialidade: os seres humanos são seres sociais, viver é sempre conviver.

Princípio de individuação: em conformidade com os dois primeiros princípios, a política legítima é aquela que permite a cada um afirmar da melhor maneira sua individualidade singular em devir, desenvolvendo sua potência de ser e de agir sem prejudicar a dos outros.

Princípio de oposição ordenada e criadora: Uma vez que todos têm vocação para manifestar sua individualidade singular, é natural que os humanos possam se opor, sem alimentar o ódio ou a inimizade.

Desses princípios gerais decorrem, consequências ético/morais, politicas, ecológicas, e econômicas entre outras.

Consequências ético/morais para a pessoa: reconhecimento de igual dignidade para com todos os outros seres humanos, ter acesso a condições materiais suficientes para levar a cabo sua concepção de vida boa, respeitando as concepções dos outros. O que lhe é proibido é cair em desmedida (a hubris dos Gregos), i.e. violar o princípio de comum humanidade e pôr em perigo a comum socialidade.

Consequências políticas: Estados legítimos garantem a todos seus cidadãos mais pobres um mínimo de recursos, uma renda básica, seja lá qual for sua forma, que os protege da abjeção da miséria, bem como impedem progressivamente aos mais ricos, via instauração de uma renda máxima, de cair na abjeção da extrema riqueza.

Consequências ecológicas: O ser humano não pode mais se considerar como dono e senhor da Natureza. Ele faz parte dela, ele deve estabelecer com a Natureza, uma relação de dom/contra dom.

Consequências econômicas: As três principais armas serão: Indignação, sentimento de pertença a comunidade humana e mobilização dos afetos e paixões, para além das escolhas racionais.

Enfim, o convivialismo no concreto da vida deverá ajudar para melhorar as condições de vida das mais humildes e superar as ameaças inseguranças da sociedade atual, bem como superar a ideologia do progresso infinito como sendo a solução para todos nossos males. Um progresso com um rosto humano, que supere toda sorte de economicismo e cientificismo desumanizador!

Obs: Texto retirado http://www.a12.com/redacaoa12/pe-leo-pessini

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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