Padre Beto 1 de junho de 2018

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Uma dupla atrapalhada tenta sequestrar um dos homens mais ricos do México, mas levam o homem errado. Eles, então, partem em busca do verdadeiro milionário. Porém, a vítima já está no cativeiro mantido pelo próprio cunhado. A toda essa situação mais do que estranha ainda se juntam personagens bizarros, como um lutador de boxe aposentado, um anão criminoso e até um papagaio que não para de falar. “Matando Cabos”, de Alejandro Lozano, com uma mistura de humor com ação, procura nos mostrar que a vida nem sempre pode ser planejada como desejamos. 

Em Mc 2, 1-12, o centro da mensagem não é a cura do paralítico. Jesus não é nenhum curandeiro, mágico ou médico que passou por esta existência para curar pessoas. Sua missão era o anúncio da Palavra de Deus, justamente o que ele faz quando a multidão se reúne em sua casa. Mas, diante da incredulidade dos mestres da Lei que questionam a sua autoridade em perdoar os pecados do paralítico, ele o cura como sinal de seu poder, mas também como sinal do que seja justamente o perdão. Não se pode deixar de notar que Jesus perdoa os pecados do paralítico graças à fé dos homens que o estavam carregando, um detalhe não menos importante. Para entendermos este contexto é necessário compreender o que é o perdão. Muitas pessoas confundem o perdão com sentimentos que possuem frente às pessoas que devem ser perdoadas. Há aqueles que acham que ainda não perdoaram uma pessoa que lhes fez mal porque ainda sentem ódio, rancor ou algum sentimento ruim por esta pessoa. Aqui é necessário diferenciar nossos sentimentos com o ato do perdão, o qual se constitui em um ato essencialmente racional. O surgimento de nossos sentimentos independe de nossa opção ou vontade. Por exemplo, o surgimento do sentimento de amor por uma pessoa não está sob o nosso controle. O sentimento de amor surge por uma junção de fatores, mas não por minha opção. Eu posso vir a sentir amor por uma pessoa que possui mau caráter e que, possivelmente, irá me fazer muito mal. Nem toda relação de amor me leva necessariamente para uma vida saudável. Sem dúvida alguma, se não temos controle sobre o surgimento deste amor, possuímos sim o controle de cultivá-lo ou não, de iniciarmos um relacionamento com a pessoa amada ou não. O mesmo ocorre com os sentimentos ruins que possuímos diante de pessoas que nos fizeram algum mal. Estes sentimentos existem, não por nossa culpa, mas são consequências normais das feridas abertas pela pessoa que nos fez algum mal. Ter estes sentimentos não deve nos gerar culpa e não significa que não somos capazes de perdoar. Como também ter estes sentimentos não significa cultivá-los e transformá-los em atos prejudiciais à outra pessoa. Os sentimentos ruins poderão desaparecer com o tempo à medida que as feridas vão se cicatrizando. Eu posso ter ainda vivos meus sentimentos ruins, mas já ter perdoado a pessoa, pois o perdão não é algo que depende das emoções e sentimentos, mas de nossa vontade. Perdoar significa a compreensão e o reconhecimento da mediocridade do outro, como também do que falta ao outro para que ele possa crescer. Perdoar não significa esquecer o ato praticado pelo outro. Isso é ilusão, nós nunca apagaremos do passado o que já foi feito. Perdoar também não significa simplesmente reconhecer o erro do outro. Isso qualquer um pode fazer. Perdoar é um ato racional, através do qual eu não somente vejo o erro do outro, mas também percebo o que está faltando no outro. Esta noção de perdão está ligada à noção de pecado. O que é pecado? Pecado é todo ato ou situação que destrói ou prejudica a vida. Por isso, o pecado é uma ofensa a Deus e um afastamento Dele. Pois destruindo a vida estamos destruindo o que Deus mais ama. Se o ser humano peca, ou seja, se ele destrói a vida, ele está fazendo um mal. Este ser mal não é uma característica da pessoa, mas uma lacuna, a falta de algo a se desenvolver. Esta é a grande mudança de perspectiva que temos que fazer como cristãos. O mal é a falta do bem. Justamente aqui entra a função do perdão. O perdão faz com que o “paralítico caminhe”. Perdoar significa não somente apontar os erros, mas tentar conscientizar o autor do pecado de que lhe falta o desenvolvimento de uma virtude, caso contrário, ele irá continuar a ter o mesmo comportamento destrutivo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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