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Maria forte, guerreira, abusada.
Maria que pare e se desvela,
se multiplica e se despedaça.
Maria do mundo, Maria do Lar.
Maria dos homens, dos filhos,
do fogão, das panelas, do tanque.
Maria que trabalha para outras Marias,
reservando forças para os filhos
das outras e os seus próprios.
Maria que se desvela pelo seu homem,
pelo seu lar, pela sua vida tão comum.
Maria serenamente onipresente,
que quando falta, assusta, amedronta.
Maria que não mede esforços
para cuidar, amar, amparar, ensinar.
Maria que não dorme para manter vivo
o filho doente, o filho ausente, o filho preso.
Maria que não come para alimentar
as bocas famintas, que imploram,
que choram por raras migalhas caídas.
Maria que no aperto dos ônibus e trens
se sente aviltada, embrutecida,
mas volta a ser doce e suave
no retorno à casa, aos filhos, ao marido.
Maria que lava, passa, cozinha, limpa
e ama, acima de tudo, incondicionalmente.

Também a Maria estudada,
com trabalho na fábrica, no escritório,
no serviço pública, ou já aposentada.
E a Maria de outra raça,
de outra crença, de outros costumes.
Todas as Marias se parecem quando parem.
Todas se multiplicam e se despedaçam,
todas vêm nos filhos seu próprio reflexo
no espelho da vida, do amor, da eternidade.

Marias que sofrem ausências dos filhos,
Marias abandonadas, sem rumo, sem prumo,
Marias decaídas, enxovalhadas, desgarradas.
Marias humilhadas, maltratadas, excluídas,
Marias que vivem sem horizontes,
Marias quase sem vida.
Marias que já nem mais sonham.

Hoje, homenageio Maria!

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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