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Acredito que muitas desses seres “especiais” são aqueles que, mesmo com suas imperfeições inerentes a todo ser humano, tentam manter certa autenticidade e gostam minimamente do que são. Suas atitudes e pensamentos nos dão a impressão de fluírem naturalmente como o rio Amazonas. Esses poucos nos indicam, sem perceberem, que ainda existe gente boa por aí. É só achar ou ser achado por elas.

É certo que algumas pessoas marcam nossa vida de diferentes formas: traumas, alegrias, indiferenças e belezas. Às vezes me pergunto por que temos tantas palavras para descrever um estado triste da alma e poucas para a alma alegre. Nós, humanos, possuímos contradições dentro da gente. Uma dela é que somos todos iguais no sentido da “espécie”, mas tão diferentes como a nossa digital, isto é, somo únicos também.
Ao tentar me parecer com outro indivíduo, sempre serei uma imitação e nunca a pessoa que imito. Não é original, mesmo que confunda os olhos de quem vê. Parecido não é igual.
Quando você se relacionou com alguém que te fez muito mal psiquicamente, com o tempo talvez consiga superar o término, pois identificou como essa união era tóxica para a sua vida. Mas pense no oposto: Na dificuldade em esquecer-se de uma companhia que te fez muito bem, mas por algum motivo inexplicável (que tenta entender até hoje), esse mesmo chegou ao fim? Caetano canta de forma poética: “Agora que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando te encontrar”.
Quando você vivenciou um relacionamento de qualidade, esse alto padrão estabelecido fica gravado em sua memória. Se fosse ruim era mais fácil. Quem será esse próximo a superar essas expectativas?
Acredito que muitas desses seres “especiais” são aqueles que, mesmo com suas imperfeições inerentes a todo ser humano, tentam manter certa autenticidade e gostam minimamente do que são. Suas atitudes e pensamentos nos dão a impressão de fluírem naturalmente como o rio Amazonas. Esses poucos nos indicam, sem perceberem, que ainda existe gente boa por aí. É só achar ou ser achado por elas.
Agora, se engana quem pensa que eles não se esforçam. Para se chegar aonde chegou como pessoa, foi preciso muita humildade, lágrimas, dores e transformações internas. Essa afirmação também nos leva a algumas questões: Você acredita ser uma pessoa interessante? Será que é prazerosa a convivência ao seu lado? Você acha que já foi esse tipo de gente “especial” para alguém? Será que tem ou mantém a mesma qualidade de convivência que exige das outras pessoas?
Arrisco dizer que quanto mais a gente tenta se conhecer, mais interessante podemos nos tornar. Isto, é claro, se assim eu desejar. Quem faz análise com um psicólogo sabe do que estou falando. Não é fácil descobrir que temos conteúdos ruins dentro da gente. Sempre digo para meus pacientes que eles são corajosos por tentarem enfrentar seus monstros. E esse caminho pode nos levar a uma vida mais madura e talvez a nos tornar esse tipo de pessoa especial pra alguém e pra nós mesmos.
Então, antes de reclamar do mundo, e gritar até ficar rouco dizendo que ninguém presta, pense sobre si mesmo. Você presta? As pessoas querem genuinamente se relacionar com você?
Bauman escreveu que “hoje em dia, na maioria das vezes, eu só tolero o outro enquanto não posso liquidá-lo”. Será que essa afirmação vale pra nós? Ao nosso redor, desejam nos liquidar ou querem conviver ao nosso lado, percebendo que depois de nos conhecerem, os outros são apenas os outros?

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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