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O menino fazedor de pipas termina mais uma obra de arte. Linda, nas cores amarela e azul. No alto, o azul da pipa sumia no azul-celeste do céu, e o amarelo refletia a cor do sol. Com uma rabiola imponente que mais parecia a calda de um dragão, a pipa do menino só pensava em subir.
De repente o tempo mudou, o vento soprou forte demais. Em segundos a linha arrebentou e não deu tempo nem de se despedir de sua última obra prima. Rapidamente a pipa foi engolida pelo céu. O menino cai de joelho na grama, chorando e desconsolado. Muito distante dali, após uma longa viagem, a bela pipa cai no quintal de outro menino. Esse, que não sabia fazer pipas, ficou extremamente alegre com o presente vindo do céu. Ela era linda e seu rosto expressava um contentamento difícil de esconder.
Infelizmente ou não, a vida faz isso com a gente. De vez em quando, nossas lágrimas alimentam o sorriso de outros por aí. Lamentamos profundamente quando o choro é nosso, mas quando sorrimos não lembramos de que, indiretamente, alguém pode estar chorando devido à alegria que carregamos. Os momentos bons e ruins são como pipas voando no céu: nunca sabemos quando cairão em nosso quintal ou telhado.
O que nos resta é tentar o máximo que pudermos não fazer mal propositalmente a alguém, respeitar os dias chorosos do outro e se possível dividir nossa alegria com outros por aí quando ela aparecer em nossa caminhada. Porque a alegria é um vírus do bem.
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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