Padre Beto 1 de maio de 2018

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Em 1931, nove jovens negros foram acusados de estuprar duas mulheres brancas. Após um rápido julgamento, eles foram condenados à cadeira elétrica. A notícia gerou grande polêmica, o que fez com que a Corte Suprema dos Estados Unidos resolvesse fazer um novo julgamento. Samuel Leibowitz, um advogado nova-iorquino, decide defender os acusados. A Busca Pela Justiça, de Terry Green, nos desperta para a defesa da justiça e a busca de vida para todos.

Os dois textos (1 Samuel 3, 3-10.19 / Jo 1, 35-42) apesar de terem narrativas diversas, possuem o mesmo tema: a convivência com Deus. Para a convivência com Deus temos um termo técnico muito importante no universo religioso: a espiritualidade. Esta se constitui em um verdadeiro relacionamento com Deus, o qual deve ser entendido, em primeiro lugar, como um diálogo. Por isso, a palavra convivência não é menos importante. “Com-viver” é viver com, viver com outra pessoa, o que presume uma relação de diálogo. Muitas vezes, mantemos um monólogo com Deus pedindo a Ele e já tendo a resposta que Deus “deveria” nos dar. Nós criamos uma imagem de Deus que nos convém e achamos que temos um relacionamento com Ele. Quando Deus parece não corresponder às nossas expectativas, ficamos decepcionados. A convivência, o relacionamento, o diálogo exige que eu deixe o outro em liberdade para expor sua opinião, mesmo que esta seja oposta à minha. Para se tornar uma verdadeira espiritualidade, o diálogo com Deus deve sempre ser desenvolvido diante das situações que a vida me coloca. A espiritualidade cristã não se desenvolve nas “nuvens”, em um lugar extraordinário ou em um estado de transe, mas sim em contato com a nossa realidade cotidiana. Nós desenvolvemos um relacionamento com Deus diante das situações que a vida concreta nos apresenta. Nossa postura inicial deveria ser a de questionar Deus sobre a nossa posição diante do acontecimento à nossa frente. “O que Você faria se estivesse em meu lugar?”, aqui está a grande pergunta que podemos fazer a Deus diante de qualquer situação. Justamente esta postura é o início da espiritualidade do jovem Samuel: “Fala, que teu servo escuta!” Mas, e a resposta? Como saber a resposta de Deus à minha questão? Sobre a resposta encontramos a indicação feita por João Batista no Evangelho de João. Ao ver Jesus, o Batista o proclama: “Eis o cordeiro de Deus”, em outras palavras, “Eis aquele que segue a Deus”. Portanto, se desejo conhecer a sabedoria de Deus diante dos acontecimentos da vida e orientar minhas ações, devo conhecer melhor este cordeiro de Deus que segue fielmente seus passos, que é a própria Palavra de Deus, sua Sabedoria feita carne. O primeiro passo é ter uma intimidade com os Evangelhos que, na verdade, não são biografias de Jesus, mas anúncios da Palavra de Deus. O cristão deve começar a ler, com calma e lentamente, o Evangelho de Marcos, depois talvez o de Lucas, passando por Mateus e terminando em João. Depois retornar ao Evangelho de Marcos e continuar o círculo infinito de contato com a Palavra de Deus. Porém, ao lermos os Evangelhos, nós devemos prestar atenção não simplesmente nos fatos narrados, mas notar os lugares que Jesus frequentava, com quem Jesus se reunia, como Jesus se dirigia aos religiosos de sua época, de que forma ele obedecia ou desobedecia as normas religiosas, o que Jesus valorizava mais e assim por diante. Desta forma, compreenderemos um Jesus que está fora daquele estereótipo do “Jesus paz e amor” que vive constantemente no templo e em contemplação. Nos Evangelhos encontramos um Jesus integrado em sua sociedade, convivendo com todas as pessoas, frequentando jantares e encontros sociais, agindo com agressividade a ponto de expulsar os vendilhões do Templo, tendo palavras extremamente agressivas para os religiosos que agiam com hipocrisia e discriminavam pessoas (“as prostitutas os precederão no Reino dos Céus”), valorizando a vida através do mandamento do amor, analisando tudo através deste mandamento, seguindo ou desobedecendo aos preceitos religiosos, dependendo da harmonia destes com a vida (o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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