Padre Beto 15 de maio de 2018

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A jornalista Rowena investiga o assassinato de uma amiga. Para isso, ela se disfarça, tanto no mundo real quanto no virtual, e acaba se envolvendo em um complicado relacionamento de preconceitos e exclusão. “A Estranha Perfeita”, de James Foley, nos mostra como a inteligência se faz necessária em nosso universo contemporâneo.

Em Levítico 13 encontramos a atitude de Moisés diante da lepra. Como não havia condições de cura para a doença, a medida tomada era a exclusão. O leproso era obrigado a viver isoladamente e, quando alguém se aproximasse, ele deveria gritar: “Impuro! Impuro!”. O homem da Antiguidade tinha condições de perceber que a doença era contagiosa, mas não detinha conhecimento suficiente para saber que a lepra era uma doença e como tratá-la. A atitude diante de um fenômeno aparentemente sem tratamento era a exclusão. Jesus mostra uma postura contrária a esta. Para Ele, nós temos que procurar uma solução diante de qualquer problema, tendo como objetivo a inclusão. Jesus integra novamente o leproso à sociedade e não o mantém excluído. Esta inclusão é iniciada através da compaixão, sentimento que nos coloca na situação do outro procurando sentir o que o outro sente. Através da compaixão, superamos aquilo que nos diferencia e descobrimos o que há de comum entre todos nós. A postura de Jesus nos leva ao questionamento sobre quem seria hoje em dia, o “leproso”, o excluído? Nos dias atuais, o excluído é aquele que economicamente não está em uma posição favorável, o pobre, o miserável. A exclusão social é a atitude da sociedade de consumo que analisa as pessoas e as exclui pelo critério econômico. Através da falta de capital, as pessoas são excluídas de estudo, saúde, moradia, trabalho e convivência social. Quanto mais estas pessoas são excluídas de seus direitos, mais são discriminadas pelos mais privilegiados. Mas atrás dessa imensa lepra chamada miséria que nos divide, existe outra: a tendência demoníaca. A tendência demoníaca não significa a possessão de um demônio como personificação do mal, mas qualquer fator que nos impede de usar um dom divino que possuímos: o dom da inteligência. Quando somos impedidos de raciocinar, de pensar criticamente, estamos sob influência de algo demoníaco. O preconceito, por exemplo, é uma força demoníaca. Nós possuímos uma concepção superficial diante do negro, da mulher, do homossexual e agimos diante destas pessoas de acordo com nossos “pré-conceitos”. Graças a eles nos mantemos distanciados de determinadas pessoas, o que mantém o preconceito e a exclusão. A televisão também pode ser uma influência demoníaca quando a assistimos de forma passiva, sem a análise crítica de seu conteúdo. Outra força demoníaca é a ignorância e a falta de senso crítico diante da própria religião. Em pleno século 21 existem pessoas que ainda acreditam que o nosso universo foi criado em sete dias, recusando-se a aceitar a evolução tão evidente demonstrada pela ciência. São pessoas que não possuem um conhecimento do Livro do Gênesis que tem a função de nos mostrar quem somos e não como fomos criados. Por exemplo, no Gênesis Deus diz: “Façamos o homem e a mulher à nossa imagem e semelhança”. Aqui o livro quer nos transmitir que possuímos uma essência divina e por isso somos capazes de grandes feitos, como também devemos viver na dignidade de filhos de Deus. Outra forma demoníaca que encontramos em nossa mentalidade é a ideologia do progresso individual, através da qual cada um pensa em seu sucesso individual e não no sucesso coletivo. Em 1 Cor 10, Paulo nos alerta que o cristão deve buscar aquilo que é vantajoso para todos. Se não fizermos desta forma não teremos o retorno de nossos impostos pagos, e não nos organizaremos para cuidar da vida coletiva. Se pensarmos coletivamente muitos problemas serão evitados e teremos uma sociedade mais segura e mais fraterna.  Tanto a lepra da miséria como a lepra demoníaca da ignorância nos fazem regredir ao invés de caminhar para a construção do Reino de Deus.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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