Entrei naquela fila quilométrica um pouco apreensivo.
O que é que aquele homem tem, que faz as pessoas desmaiarem durante a unção?
E eu, que não tenho religião, serei afetado?
Quando chegou a minha vez, os assistentes já estavam posicionados, prontos para me amparar, e certos de meu desabamento.
Mirei o padre Elói fixamente, sem palavras, e experimentei uma profunda paz. Fechei os olhos, senti seu polegar lambuzado de óleo tocar minha testa. Só isso…
E agora?
Eu estava disposto a não abrir os olhos enquanto ele não me “liberasse”.
Parece que ele também não me largaria enquanto eu não abrisse os olhos, ou desmaiasse.
O “duelo” durou alguns segundos, que pareceram horas.
Finalmente cedi, e deixei meu corpo cair. Estive consciente o tempo todo. Independentemente da crença, as vibrações são muito positivas, mas juro que senti o padre me empurrar, muito sutilmente.
Missa do Padre Elói, no ginásio do Batalhão de Polícia de Choque, Cremação
Obs: Foto do autor.