elza fraga 15 de abril de 2018

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Fico observando as pessoas, meu passatempo favorito é a observância, rsrs… observando quem observa, o que cada qual observa, e como observa, qual o grau, o tempo, o modo de olhar do observante.
Cheguei a conclusão que o povo é apressado, corre em torno de si mesmo, perde pouco tempo com coisas que considero essenciais, gasta muito tempo com besteiragens, mas observar mesmo, com o olho da alma, é passatempo do passado.

Ninguém para pra olhar o nascer do sol, com vagar, com o olhar de capturar detalhes, com vontade de registrar pra sempre, dentro do coração, aquele céu se tingindo aos poucos de azul.
Ninguém senta no gramado em frente a um galho de flor para detectar cada detalhe, tamanho das pétalas, coloração, textura, como são diferentes e tão lindas, todas!
Ninguém mais tenta desvendar onde o mar acaba e o céu começa estendendo o olho até o infinito, buscando cada vez mais longe o horizonte. Percebendo o oceano se unir e virar tudo uma única coisa, céu e mar – amantes se encontrando lá no fim do mundo.
Ninguém deita no chão quando a noite cai pra contar estrelas, e ao se perder na contagem manter a calma do recomeçar. E, mesmo sabendo que nunca irá conseguir, tenta todas as noites.
Ninguém mais olha as nuvens e vê nelas figuras lindas. Ovelhas, gatinhos, mapas, o rosto do Cristo, passarinhos… como tem desenho lindo nas nuvens do céu.

O povo, de tanto dar trela para o desencanto e o sofrimento, perdeu o dom da simplicidade, de notar o espetáculo que é estar encarnado sendo o personagem principal da própria história. E nenhuma história é igual a outra. Somos únicos atores na peça que nos coube por sorte.

Então que a gente saiba aproveitar cada segundo por aqui com coisas que valem o gosto. Deixemos as lamúrias para os que não sabem olhar o mundo com olho de ver. Seguem cegos à beleza, é só percebem o mal, porque este existe sim, mas é elaborado, empolado, usa palavras diferenciadas numa linguagem complicada para enganar o povo e trazê-lo para o sofrimento da escravidão.
Gente simples passa batido, nem dá ouvidos pra maldade e nem a usa no dia a dia.

Tem quem afirme que os observantes e simples são as ovelhas negras do mundo.
Mal sabem estes o prazer e a felicidade de se ser ovelha negra neste mar de brancura que fere o olho!
Um dia todos se renderão a simplicidade e seremos um só rebanho de lindas ovelhas negras.

elza fraga
Se confessando diferente, extraviada, nem sempre bem recebida, mas feliz na condição de estranha no ninho.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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