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– Senhor Jesus, venho através desta oração dizer que tu és grandioso, digno de ser adorado, és tudo na minha vida, e também venho pedir…

– Para, para. Pode parar, meu filho! – diz o Senhor.

– Nossa, o que foi? Eu nem terminei, meu Deus…

– Meu filho, eu conheço teu coração. Esqueceu com quem está falando? Você está me procurando agora porque mais ninguém conseguiu resolver seu problema. Se qualquer outra pessoa ou deus pudesse fazê-lo, você nem estaria nesse quarto orando. Tem certeza que para você eu sou tudo na sua vida? Tem certeza mesmo? Ou estou mais para um disk pizza que você só lembra quando está com fome?

– Jesus amado, calma aí com a sua ira divina! Estou falando com o Deus do novo ou do velho testamento agora?

– Filho, estou te ajudando, pode acreditar. Comece de novo. Dessa vez com a verdade. Diga o que se passa aí no fundo da sua alma.

– Ok. Tem certeza disso, Senhor?

– Quero, pode acreditar que eu aguento.

– É o seguinte: Às vezes sinto que o Senhor desaparece e vira fumaça quando eu mais preciso. Pelo menos é o que eu acho. Outras vezes me pergunto se realmente o Senhor existe e se não estou falando com o vento. Eu estou com muita raiva de você! É raiva de verdade mesmo! Se me perguntar se quero um milagre eu responderei que, com certeza, quero! É muito difícil de viver nesse mundo e não preciso nem explicar o porquê. Aliás, esse milagre que peço, o Senhor bem sabe que vai ajudar outras pessoas também. Isso poderia contar uns pontinhos aí na sua agenda celestial de prioridades. E, mesmo assim, o Senhor não faz nada pra me ajudar nesse particular. Confesso que, na maioria das vezes, o Senhor não é minha única e sim a minha última opção. Mas não me venha dizer que não fiz minha parte. Desse jeito está difícil de continuar vivendo. Dizem que é mais fácil é acreditar em Deus. E também que quem é corajoso se torna ateu por conseguir suportar a existência nua e crua. Sem mística, sem o sobrenatural. Discordo! Se o ateu enfrenta o desamparo, por outro lado ele não sofre a angústia de um Deus que não responde, que se ausenta. Nem fica ansioso por não entender seus planos divinos. Confesso que até preferiria ser ateu. Mas no fundo da minha alma sinto o contrário. E é isso que me dá mais raiva e é por isso que tenho tanta vontade de gritar e brigar com o Senhor! Pronto! Vomitei tudo! Está feliz agora?

– Feliz não, pois me compadeço com a sua dor. Mas confesso que estou sorrindo.

– Sorrindooooo??? Por quê?

– Porque agora começamos a conversar de verdade. Sem mentiras, bajulações ou falso moralismo. Na verdade, acho mais digno que lute comigo a fingir que me respeita. Prefiro que admita pecados mesmo tão dolorosos a mentir que o fez por não saber que era errado. Prefiro uma palavra agressiva que saia do fundo do seu coração a um canto de louvor que escorra veneno pelo canto dos lábios. Prefiro um ladrão que sabe da sua condição do que um legalista mentiroso e enganador que fala em meu nome.

E por último: Filho, eu quero me relacionar com você de verdade. Independentemente do que eu te dou, mas pelo que Eu sou e pelo que você é. Prometo-te a minha presença mesmo quando você estiver com a alma anestesiada. Então, mais uma vez eu digo: podemos começar de novo?

– Sim, claro. Afinal você quem é o Deus aqui, não é mesmo?

– E agora, filho, posso falar o que penso e sinto sobre você? Chegou a minha vez.

– Vixe, Senhor… tudo bem, mas vai devagar. Você me conhece e sabe que sou extremamente sensível…

Obs:  O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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