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Um escriba perguntou a Jesus qual era o primeiro de todos os mandamentos. Jesus respondeu, indo além da pergunta, lembrando o primeiro e o segundo que não interessara o doutor da Lei. Com isso deu-lhe a chance de reunir os dois mandamentos num só, mostrando ter percebido a insinuação de Jesus (cf. Mc 12, 28-34).

Uma vez, no salão paroquial de uma igreja anglicana da cidade de Oporto, em Portugal, Madalena e eu vimos uma síntese perfeita do que pretendeu Jesus do escriba. Assim estava num quadro que pendia de uma parede, bem no centro do espaço: “Há muitas maneiras de amar o próximo, mas só há uma maneira de amar a Deus, amando o próximo”. É que não são dois amores em alternativa . Não há mandamentos referentes a Deus e outros referentes ao próximo. Não. Na estrutura do texto dos mandamentos na Bíblia, tanto no livro de Êxodo (cf. 20, 1-17), como no  Deuteronômio (cf. 5, 1-21), na primeira tábua de preceitos, Deus é encarado com o fundamento invisível dos preceitos da segunda tábua que se referem ao próximo. Deus não é objeto, mas fundamento. Sobre esse fundamento invisível,  constroem-se relações visíveis entre nós. É único, por isso temos de nos comportar como um só povo; não podemos reduzí-Lo a ídolo, pois este é projeção de nosso próprio poder, por isso fonte de discórdia e de divisão; não podemos manipular seu Nome como se fosse objeto a nosso serviço, como se fosse ídolo “vão”, isto é, vazio, expressão de nossas carências; reservar o “diade descanso” (“sábado”) tem como finalidade celebrar nossa liberdade acima das obras do trabalho de nossas mãos e confraternizar em solidariedade e igualdade como povo, este o verdadeiro sentido do culto. Sobre esse alicerce é que se explicitam as relações entre nós.

Na primeira Carta de São João, temos a síntese cabal: “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós” (4, 12).

Eu em Ti e Tu em mim

(“Quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” – 1Jo 4, 16)

Revela-Te a mim:
que eu Te veja
em todas as coisas
que eu Te toque
em todas as pessoas
que em tudo
eu Te encontre!

Ah, acima de tudo
que eu Te sinta
na mulher que amo!
Preenche-me
de Tua plenitude!

Como enamorados
um por outro
inabitados
mostra-Te todo
a mim todo
desnudados
eu me entregue a Ti
entrelaçados
achega-Te a mim
entre gemidos de Cruz
e gritos de Exaltação
preenche-me
como em divino êxtase
de orgasmo pleno
sem fim!

Para Madalena, Campina Grande, 29/30.08. 2016

Obs: O Autor é Bispo Emérito da Diocese Anglicana do Recife
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB….

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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