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A atriz Ingrid Guimarães afirmou em um programa de TV que tinha tudo para dar errado na vida (seja lá o que significa esse “não dar certo” em sua história). “Sempre fui atrapalhada, esquecida e, quando bebê, aprendi a engatinhar de ré”, disse ela. Isso mesmo! Sua primeira forma de se locomover foi retrocedendo na direção contrária das outras crianças.

Ingrid continuou explicando que sua família, e principalmente seu pai, foram seus maiores apoiadores na sua carreira de atriz. Mesmo com todo esse jeito peculiar de ser, Ingrid foi acolhida pacientemente e abraçada pelo pai, não como uma estranha e desajustada, mas simplesmente como filha. Um ambiente familiar favorável pode gerar potência e criatividade dentro da gente, mesmo quando não somos o padrão de normalidade doentio que todo mundo espera. Mesmo quando somos muito ansiosos, hiperativos, um pouco tristes ou quando andamos de marcha ré sem ter retrovisor nas costas. No drama e na trama familiar, muitas  vezes ser um adulto responsável não significa sempre descobrir de quem é a culpa, mas assumir que somos parte de um todo que tem problemas e que necessitam ser resolvidos.

Vejo hoje em dia pais que caminham em dois extremos perigosos: os que negam que os filhos possuem comportamentos ou peculiaridades que precisam ser observadas mais de perto, e aqueles que pensam que seus filhos são o suprassumo da existência terrena, idolatrando-os como deuses. Nos dois casos quem pagará essa alta conta serão os filhos.

Educar requer esforço, mas pode virar arte. Acho que é por isso que ao ouvirmos aquele silêncio de cemitério dentro de nossas casas, nos preocupamos dizendo que as crianças devem estar aprontando e fazendo arte em algum canto.

Qual foi a alternativa que a atriz encontrou para viver? Criativamente resgatou um humor trágico que tinha dentro de si desde pequena, desses que todo mundo se identifica. Percebendo-se diferente, ela fez a diferença na sua forma de ser no mundo. Mesmo quem anda de marcha ré, pode estar chegando a algum lugar.

Obs:  O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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