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Dois amigos de infância nos anos 60: Bobby e Jonathan. Para Jonathan, o pouco convencional Bobby é a ligação para um mundo mais vasto. Para Bobby, a família de Jonathan representa estabilidade que ele nunca conheceu. A vida, porém, os separa para fazê-los reencontrar vinte anos mais tarde em Nova Iorque, onde conhecem a liberal Clare. Em “A Casa Do Fim Do Mundo”, de Michael Mayer, a amizade, o amor, o compromisso e a lealdade inventam uma nova espécie de família.
Certa vez, uma senhora desabafou sobre sua vida solitária. Ela havia perdido o marido há cerca 15 anos e, desde então, vivia completamente sozinha apesar de ter dois filhos. O caçula não queria saber da mãe. O mais velho era casado, mas sua esposa não a admitia em sua casa. Esta senhora, apesar de ter filhos e nora, não possuía uma verdadeira família, mas sim herdeiros. Eu conheci um casal que teve um único filho. Com o tempo este se descobriu homossexual. Talvez para viver sua sexualidade com mais liberdade acabou se mudando para outra cidade. Com o tempo, este filho arrumou um companheiro e, desde então, vive uma relação estável com ele. A mãe na velhice acabou tendo um derrame que a deixou somente com capacidade de movimentar a cabeça. O filho voltou, com seu companheiro, para a casa dos pais. Hoje, o companheiro do filho cuida da senhora doente. Para muitos moralistas este grupo de pessoas pode não ser um exemplo, mas aqui encontramos uma verdadeira família. Se prestarmos bem atenção na chamada família sagrada, ou seja, na família de Jesus, não encontraremos também um modelo moralista. Nesta família sagrada temos uma mãe solteira, um pai adotivo e, pelo menos, sob os olhos humanos, um filho bastardo. Porém, o que une estas três pessoas são características muito sagradas e que fazem realmente um grupo de pessoas se tornarem uma família de fato. Estas características são mencionadas tanto no livro “Eclesiástico” (3, 3-7.14-17) como em “Colossenses” (3,12-21).
A primeira característica é o respeito. Se olharmos para a etimologia da palavra descobriremos algo interessante. Respeito vem do latim “respectu” que quer dizer o ato de olhar várias vezes para trás. Ter respeito é saber olhar para uma pessoa com toda a sua história de vida. Mesmo que esta não tenha nenhum capítulo que mereça dignidade é necessário compreender a evolução desta pessoa. Mesmo que esta evolução não justifique os atos injustos ou incorretos desta pessoa é necessário olhar por trás de toda a história compreendendo que esta pessoa é um ser humano passível de erros e que, apesar deles, deve ser tratado com dignidade pelo simples fato de ser humano. Lembrando que o tratamento de respeito faz tão bem à pessoa respeitada como para a pessoa que respeita. Quem trata as pessoas com respeito se faz respeitar também. É necessário afirmar que respeito não é sinônimo de submissão, complacência ou simples aceitação das ações erradas do outro, mas tratamento justo.
Outra postura que faz com que um grupo de pessoas se forme uma família é a honra. O oposto da honra, a desonra, é a humilhação. Aqui é necessário que as pessoas se conheçam. O conhecimento faz com que venhamos a perceber o que humilha o outro. A honra é subjetiva, pois a humilhação é um sentimento forte de diminuição do outro. Esta diminuição é sempre um sentimento subjetivo. Portanto, o conhecimento é fundamental.
Mais uma postura citada pelos textos bíblicos acima é o amparo ou o ser solícito. Quem se sente na necessidade de amparar o outro, de sempre estar do lado quando o outro necessita, é uma pessoa que está vinculada ao outro familiarmente.
Por fim, a família se forma através da liberdade. Liberdade significa se sentir à vontade ao lado do outro. A família se torna um espaço neurótico quando seus membros precisam representar papéis e vestir máscaras. Os membros de uma verdadeira família se reconhecem como seres únicos que não são comparáveis e não se deixam comparar. Para se ter uma família é necessário ver na diversidade uma riqueza.