Ina Melo 15 de abril de 2018

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Apesar da Primavera, ainda faz frio por aqui.  E muito lindo caminhar pelas ruas e ver os finos pingos brancos de neve caindo sobre nós.  Isto acontece muitas vezes. Estou caminhando pelo Blv. De Clichy e e paro na Place Blanche,  em Montmartre. Vejo uma mulher diafana vestida de branco. Seus cabelos louros esvoaçantes me faz lembrar de uma flor singela – a Margarida. Ousadamente me aproximo, mas não consigo  chegar perto. Tento. Apresso os passos e nada. Algo afasta – a de mim. Agora sinto um cheiro de jasmim. Logo um vento suave levanta a saia da jovem e belas e longas pernas aparecem. Abençoado vento que me dá de presente esse encantamento. A cadência do seu andar me faz pensar em dunas de areia no deserto e nas ondas quebrando na praia. Vejo os seus pés e me assusto. Ela levita. A distância entre nós diminui. Estou quase tocando o seu vestido. Sinto um forte arrepio e um frio desce pelas minhas costas. Nunca tive medo de fantasmas, mas agora tenho.  Quero correr. Cadê as pernas?  Estão coladas nas dela acima do solo. Uma mão gelada segura a minha. Estou indo não sei pra onde. Agora estamos atrás da Sacre Coeur. O frio aumenta e entramos num Campo Santo.  Enormes catacumbas de mármores cobertas de musgo e flores coloridas.  Estamos no alto da colina. Lá em baixo Paris está  aos nossos pés. De repente sou arrebatado e saímos flutuando pelo espaço. A mão está morna.  Crio coragem e enlaço a mulher nuvem pela cintura. Sinto as vibrações do seu corpo  sensual. O meu corresponde em todos  os sentidos. Continuamos o nosso vôo. Vejo abaixo um campo verde.  Caímos abraçados. Aí penso. Será que morri e um anjo veio me buscar? Que nada! Abro os olhos e ela está de pé com o vento soprandp suas vestes e o que vejo é  divino. A roupa vai sendo levada pelos ares e ela está nua e linda me estendendo as pequenas mãos.  Eu não sei o que faço.  Quero ir mas tenho medo. O chamado continua. Assumo a minha covardia e recuo! Deitado.na relva fria e indiferente vejo um sonho se dissipar em plena primavera parisiense. Adeus minha amada Musa. Um dia voltaremos a nos encontrar.  04/018

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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