Padre Beto 1 de março de 2018

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Cinco pessoas muito diferentes se conhecem, se envolvem e resolvem seus relacionamentos em um drama contemporâneo brilhantemente escrito e interpretado. “Por Conta do Destino” de Chris Terrio nos oferece, na verdade, uma reflexão profunda sobre a construção de nosso ser, de nosso espírito, através das relações interpessoais.

O autor da carta aos 1 Tessalonicenses 5, 16-24 procura despertar a comunidade para a postura cristã diante da vida. “Estai sempre alegres!”, “Rezai sem cessar”, “Daí graças a todas as circunstâncias”. Mas, unido a esta postura otimista diante da vida, postura de sintonia constante com Deus e de aprender através de qualquer situação que a vida nos coloca, o autor insiste: “Não apagueis o espírito!” (…) “examinai tudo e guardai o que é bom”. Dentre seus conselhos nos lembra também que somos “espírito, alma e corpo”. Justamente na distinção sobre corpo, alma e espírito podemos compreender a possibilidade de viver em alegria e sintonia com Deus constantemente e aprender em qualquer circunstância sem deixar “apagar” o espírito.

De fato, o ser humano não é fragmentado, mas se constitui em uma unidade. Esta, porém, possui dimensões que devem ser compreendidas para alcançarmos uma melhor harmonia e qualidade de vida. O ser humano não é uma entidade abstrata, mas é corpo, um organismo que depende de ambiente e hábitos saudáveis: ar puro, água potável, boa alimentação, exercícios físicos regulares, etc. O corpo necessita destas condições, porque é um organismo vivo. Este estado de ser vivo, de corpo animado, é a comprovação de que possuímos uma anima, ou seja, uma alma. Em uma visão cristã, a alma é um presente do Deus da vida que ganhamos a partir de nossa concepção, que nos mantém vivos e nos coloca em desenvolvimento por toda a nossa existência. No que diz respeito a esta força vital não existe diferença entre os humanos e os outros seres de nosso universo. Todos possuem alma, pois são seres vivos, interagem entre si e transformam seu meio ambiente. O espírito, porém, constitui-se em um ponto diferencial. O espírito, na verdade, é a consciência que nós seres humanos desenvolvemos a partir do corpo e da alma. Ele é a nossa identidade como pessoa. Em outras palavras, o espírito é a soma de todas as características que adquirimos durante a nossa existência: inteligência, experiências de vida, memória, estado emocional, etc. Enquanto a alma é a força que nos mantém vivos e nos motiva para um desenvolvimento, o espírito é aquilo que construímos através deste. Portanto, o ser humano desenvolve seu espírito durante toda a caminhada de vida até a sua transmutação, sua libertação do corpo físico, fazendo a experiência que chamamos de morte.

Através das diversas situações da vida e de nossa interação com o universo, a alma, nossa força vital, pode se enfraquecer. A anima pode ser carregada de muitos aspectos negativos que fazem com que o ser humano perca o ânimo de viver, a vontade de permanecer na vida. A debilidade de nossa força vital é sempre expressada nas outras dimensões de nosso ser: no espírito através do pessimismo, da depressão, de emoções desarmônicas, ou no corpo através de uma somatização, do surgimento de doenças físicas. O que muitas vezes se esquece é que a parte inteligente de nosso ser não é a alma, e muito menos o corpo, mas o espírito. Portanto, o espírito pode prevenir a totalidade de nosso ser contra a debilidade da força vital, mantendo-se vigilante em relação aos hábitos, situações, relações humanas e até pensamentos que possuímos. “Não apagueis o espírito!” Além da vigilância, o espírito pode manter uma disciplina para que o corpo tenha condições saudáveis de existência, a alma se mantenha cada vez mais livre de influências negativas e a totalidade de nosso ser possa sempre estar em sintonia com Deus. “Uma prova de que Deus esteja conosco não é o fato de que não venhamos a cair, mas que nos levantemos depois de cada queda” (Santa Teresa de Ávila). Este levantar-se depois da queda só é possível através do espírito, ou seja, da consciência de que somos filhos de Deus e nascemos para ser Luz neste mundo. Os profetas pregavam a construção de uma sociedade justa e igualitária. Esta é a nossa missão como filhos da Luz: fazer com que a humanidade evolua para a construção de uma vida digna para todos sem a exclusão de ninguém. Nós apagamos o espírito quando nos vendemos a uma vida morna e fútil.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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