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  1. DAS TENTAÇÕES E DO CHAMADO
    Marcos 1,12-15

 O Evangelista Marcos melhor não poderia ter dito tanto com tão poucas palavras. Observemos, então,

. como JESUS, depois de batizado, conduzido pelo Espírito, primeiro, foi fazer um longo retiro no deserto, lugar de solidão e silêncio, onde todas as forças do Bem e do Mal parecem fazer-se sentir com toda a sua força e poder de persuasão e pressão… E aí, Jesus foi testado pelo Maligno, que, com certeza, queria tirá-lo da jogada… Marcos, não entra em detalhes. Mas podemos supor, a partir dos relatos de Mateus e de Lucas, que, na força da Palavra de Deus, Jesus soube “tirar de letra” e fazer valer a vontade do Pai, os valores do Reino que ele iria, logo mais, anunciar.

. a pergunta que sobra para nós: diante das realidades no meio das quais hoje vivemos, em nossos momentos de oração e retiro, conseguimos discernir o que Deus quer de nós e enfrentar com lucidez e coragem as tentações de hoje?…

. a essência da mensagem de Jesus: o REINO! Que Reino será esse?… Uma leitura caprichada das páginas do Evangelho poderá ajudar-nos a compreendê-lo… Sobretudo, se a fizermos de olho no que acontece, hoje, em torno de nós…

. Mas, para que o Reino anunciado por Jesus aconteça, vamos precisar mudar de vida e aderir de coração à proposta do Mestre, o Evangelho, a novidade daquele que venceu a morte porque deu a vida por amor. Não há outro caminho ou alternativa (1Pd 3,18-22).

* * * * *

A Quaresma é nosso longo retiro anual. Tempo de silêncio, de escuta, de oração. Tempo de discernimento e de engajamento: dar-se conta dos apelos que nos são feitos. Estamos atentos à realidade social: uma conjuntura onde o poder da mídia, o tempo todo, nos alicia, seja para o consumismo, seja para a alienação política e a enganação dos poderosos?… Estamos atentos aos apelos que há MAIS DE  50 nos são feitos: sermos uma Igreja comprometida com as angústias e as esperanças da Humanidade, uma Igreja solidária e comprometida com a transformação da sociedade, para que a vontade do Pai se faça “assim na terra como no céu”?… Somente assim, cessarão as violências que nos atormentam. E essa será nossa Campanha da Fraternidade em 2015, nossa resposta ao chamado de Jesus.

 2 – Subindo a montanha da TRANSFIGURAÇÃO  e descendo à planície da cotidiana DOAÇÃO!
Lucas 9,28-36

Aconteceu no alto da montanha… Aconteceu a caminho de Jerusalém…

Aconteceu depois da profissão de fé de Simão Pedro e do primeiro anúncio da Paixão…

Aconteceu num momento de oração: recordando Moisés e Elias, a Lei e os Profetas, questionando-se, diante do Pai, sobre o que o esperava pela frente, Jesus toma plena consciência da sua missão, do seu destino e do desfecho de tudo isso. Somente “pela CRUZ, se chega à LUZ!”.

E seu rosto se iluminou e resplandeceu.

Mais uma vez, diante da entrega confiante do Filho, o Pai não consegue ficar calado: “Este é o meu Filho, o Eleito.

Escutai-o!”

Pelo gosto dos três discípulos que o acompanhavam, eles ficariam por aí…

De repente, tudo volta ao normal: o brilho da face de Jesus se apagou e, agora, importava descer à planície do cotidiano e encarar o que estava por acontecer em Jerusalém…

A Quaresma chega, assim, à sua segunda semana. O convite à oração, com Jesus, é evidente, mas orar só tem sentido se for para a gente se colocar no contexto das realidades que nos desafiam, sermos iluminados pelos Profetas e Evangelistas, e nos dispormos a seguir Jesus, num caminho sem volta, que é o do “dar a vida” para que haja “vida em plenitude!”

A Campanha da Fraternidade e tudo mais que se planeje para este Tempo, em termos de atitudes e iniciativas individuais e coletivas, só terão consistência, se brotarem dessa experiência espiritual fundamental de seguimento de Jesus, subindo a montanha e descendo à planície…

E assim a gente vai “caminhando e cantando e seguindo a canção”!

3. A INDIGNAÇÃO DE JESUS CONTRA O COMÉRCIO RELIGIOSO e A REVELAÇAO DO NOVO TEMPLO
João 2,13-25

Olhando bem, não se sabe o que mais admirar:

– Se o cuidado de Jesus, seu zelo para com o Templo, lugar especial de encontro com Deus, de escuta da sua Palavra, de diálogo amoroso com o Pai, de reorientação da própria vida…

– Se sua indignação, sua raiva, ao ver aquele espaço sagrado transformado em casa de negócio… Religião feito mercadoria, instrumento de exploração do povo, de ganância e lucro vil…

– Ou, então, o anúncio misterioso que ele faz da sua Morte e Ressurreição…

A partir de então,

– Ele próprio será o único e verdadeiro Templo, o único ponto de encontro com Deus, seu Pai…

– Os templos de hoje só valem se for para facilitar o encontro verdadeiro com JESUS Ressuscitado, no anúncio da Palavra e na confraternização da Ceia, de modo que se possa abastecer do seu Espírito, que renova a vida das pessoas e a face da terra.

– E faz sentido lembrar aqui o que ele disse em outra oportunidade: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles (Mt 18,20).

– Aliás, o Apóstolo Pedro irá escrever claramente, que em comunhão com Jesus Ressuscitado, pedra viva, pedra angular, nós, como pedras vivas, formamos um edifício espiritual (1Pd 2,5-7)… E o Apóstolo Paulo dirá com igual clareza que nós somos o templo do Deus vivo (2Co 6,16). 

E assim, Jesus, vivo e presente em cada pessoa que nele crê, e, sobretudo, vivo e atuante na Comunidade Cristã, a Igreja, Sacramento maior, sinal privilegiado da sua presença e ação, será, no seio da sociedade, fermento de transformação e garantia de que o Reino de Deus haverá de acontecer “assim na terra, como no céu”!

E será este o nosso jeito de vivenciar a Quaresma, para que a PÁSCOA aconteça.

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE. 
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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