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No campo do adversário é bom jogar com muita calma procurando pelas brechas pra poder ganhar, escreveu o poeta. Por isso não me surpreendeu a decisão dos Desembargadores do TRF da 4ª Região, por unanimidade, mantendo a condenação de Lula e a ampliando em mais três anos. Não que as provas fossem cristalinas contra o ex-presidente, mas por outra razão objetiva.

Desde o começo da Operação Lava Jato foram evidentes as manipulações do Juiz Sérgio Moro para dar visibilidade a seus atos, com farto apoio de grandes empresas de mídia e uso político intenso pelos adversários do PT. A prova mais escandalosa disso: A condução coercitiva do Lula, digna de um filme de ficção, tamanho o aparato mobilizado contra um cidadão sem qualquer antecedente criminal e domicílio sabido nos autos do processo. Naquela ocasião os defensores do impeachment da Presidenta Dilma derrapavam em seus atos, levando poucas pessoas às ruas, e nada melhor que uma condução coercitiva naqueles moldes para jogar lenha na fogueira. Afinal, tratava-se de Lula, ex-presidente da república por dois mandatos, um valioso troféu para seus adversários.

Além disso, Judiciário também é Estado e, por isso, está entrelaçado com poderosos interesses econômicos e políticos existentes no país. Por isso, jogar o jogo pela liberdade do ex-presidente Lula no campo do adversário, numa sociedade de classes historicamente conservadora no mérito de suas ações econômicas e sociais, profundamente oligárquica e injusta em seus métodos, era afirmar uma alta probabilidade, quase a certeza de uma condenação, independente das relações que foram estabelecidas entre Lula, o PT, alguns de seus aliados, dirigentes, parlamentares e as principais empreiteiras investigadas na Operação Lava jato. Além disso, margeando o Judiciário, debaixo dos olhos do PT, os donos da riqueza que aceitaram os governos petistas e aplaudiram Henrique Meirelles no Banco Central (anos Lula) e Joaquim Levy no Ministério da Fazenda (no governo Dilma), jamais abdicaram de seus interesses, mudando progressivamente de lado e apoiando financeiramente as ações a favor do impeachment de Dilma, como o fizeram abertamente Paulo Skaff, presidente da FIESP e a poderosa CNI.

Por que tais movimentos não foram antecipados por Lula e pelo PT? Porque houve intensa colaboração de classes nos governos petistas, porque se tirou o povo das ruas e nenhuma reforma estrutural se fez , em especial nas leis da comunicação e no judiciário. Os vazamentos seletivos de provas e depoimentos para algumas emissoras, entre outros aspectos, demonstraram a necessidade dessas reformas.

A condenação de Lula espelha a luta política, num xadrez de poderosas forças econômicas no aparelho de estado. Revela ainda a subestimação do PT frente a seus adversários, alguns dos quais importantíssimos aliados até 2015, bem como os erros de suas práticas assentadas em largas colaborações de classe.

Por isso, contra todos os golpes, vamos às ruas, com candidatura própria, ampliar nossas bancadas após 2018 e por transformações profundas e éticas no Congresso Nacional a partir daí, sempre com povo nas ruas.

Obs: O autor é professor e Mestrando em Educação na UFPE
Foi Deputado Federal 2003-2014.
Criador e 1º. Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção (2004)
Na Câmara Federal foi autor da PEC 162, propondo o Plano Nacional de Desenvolvimento Urbano.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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