Padre Beto 15 de março de 2018

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Simon é  um jornalista de guerra que, ao lado do cameraman Duck, realizou grandes coberturas. Após vivenciar a guerra na Bósnia, Simon se desequilibra e é retirado da emissora. Anos mais tarde, Duck é procurado por Simon, pois este tem pistas sobre o pior criminoso da guerra local, que tem uma recompensa de US$5 milhões por sua captura. Agindo contra ordens da ONU, eles partem em sua busca. Baseado em uma história real, “A Caçada”, de Richard Shepard, é uma denúncia do fato que as informações e as instituições podem ser manipuladas por interesses particulares e para a opressão.

Em Marcos 1, 29-39 os discípulos advertem Jesus que todos o estão procurando. Jesus decide, porém, se retirar e pregar em outros lugares. É necessário que nos conscientizemos que Jesus não esteve entre nós para curar doentes, mas para pregar a Boa Nova. Hoje em dia, graças a uma mentalidade alienada e individualista, as religiões são procuradas para curas e eliminação de males. É preciso se questionar sobre este Deus pregado pelas celebrações de cura. Se este Deus cura nestes momentos oferecidos pelas religiões, por que ele não cura as crianças deste Brasil afora que sofrem de câncer? Por que este Deus não cura os brasileiros que não serão atendidos na fila do SUS ou irão morrer por falta de medicamentos? Se Deus agisse assim, curando poucas pessoas em celebrações e deixando a maioria ao abandono, este Deus seria injusto ou incompetente. Jesus Cristo veio nos revelar um Deus Amor. Este Deus de Jesus não condiz com a imagem de um Deus curandeiro pregado por muitas religiões. Hoje em dia, celebrações de cura e libertação tornaram-se frequentes graças a três fatores. Somado ao medo de questionar estas práticas religiosas está a falta de politização, pois as pessoas pagam seus impostos e não exigem a aplicação deste dinheiro em um sistema de saúde eficaz para todo ser humano. Para completar, temos um Estado corrupto que não investe o dinheiro de nossos impostos em hospitais, na manutenção e reposição de equipamentos, no pagamento dos profissionais da saúde, mantendo uma assistência precária. Consequência de tudo isso: as pessoas, ao invés de se organizarem e exigirem do governo que retorne o nosso dinheiro para a saúde, recorrem a Deus para que Ele realize o que os políticos e administradores públicos deveriam fazer. Outro fator é o medo da morte. Este, além de ser falta de fé é uma grande contradição religiosa. Nós acreditamos que o céu, esta dimensão superior, é algo maravilhoso, mas ninguém deseja partir para lá. Ora se Deus é bom, nós não deveríamos ter medo da morte e não deveríamos implorar a Deus para permanecermos mais nesta existência. E o terceiro fator da grande quantidade de celebrações de cura é que a igreja fica lotada de pessoas carentes e isso traz dinheiro para a Igreja.

A missão da religião não é a cura de doenças, mas o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo. As religiões não vieram para transformar seres humanos em vermes que se rastejam diante de Deus para adquirirem alguma coisa. Pelo contrário, a Boa Nova de Jesus traz basicamente duas grandes verdades: nós somos filhos de Deus e como tais devemos viver com dignidade. Isso exige de nós a postura de coragem de transformar a mentalidade e o sistema que possuímos. A Boa Nova de Jesus nos faz viver e morrer com dignidade e não viver e morrer como medrosos. Viver e morrer com dignidade estão intimamente ligados, pois eu morro com dignidade a partir do momento que vivo uma vida digna, dedicada à prática do respeito mútuo, da honestidade, da transformação radical da sociedade para um espaço mais humano e mais justo. Muitas vidas são desperdiçadas por este Brasil afora devido a um sistema econômico maligno, devido a pessoas de má índole que vivem de nosso dinheiro e devido a pessoas alienadas que não possuem a formação necessária para um questionamento crítico e para a organização popular.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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