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Nos anos 1980, o Ministro da Cultura se interessa por Christa, atriz popular que namora Georg, o mais conhecido dramaturgo do país e um dos poucos que consegue enviar textos para o outro lado da fronteira. Com a suspeita dos dois serem infiéis às idéias comunistas, eles passam a ser observados pelo frio e calculista Capitão Gerd, temido agente do serviço secreto que fica fascinado pelas suas vidas e personalidades. “A Vida dos Outros”, do diretor Florian Henckel von Donnersmarck, narra uma história real do dramático (e às vezes hilário) sistema de espionagem existente na Alemanha Oriental durante o período da Guerra Fria, mas proporciona também a reflexão sobre a liberdade e a transparência nas relações.
Pertencem à linguagem dos profetas a metáfora, a simbologia, as imagens. No discurso de Isaías encontramos como pré-requisito para a manifestação de Deus em nós o ato de aplainar a estrada, nivelar os vales, endireitar o que é torto e alisar as asperezas. O que há de comum entre as estradas cheias de buracos, os vales, montes, colinas, o torto e as asperezas? Uma das características dessas espécies de solo é a falta de horizontes nítidos. O caminho a Deus proposto pelo profeta (Isaías 40, 1-5.9-11) é a transparência, a simplicidade, a coerência ética. Para compreendermos melhor a metáfora é necessário recuperar a idéia de hipocrisia do Texto Bíblico. Para hipocrisia, o Texto Bíblico utiliza a palavra haneph, que significa mais do que simplesmente fingido, mas principalmente maldoso. O hipócrita é aquele que age com más intenções, aquele que age com estratégias para enganar os outros criando um universo de desconfiança. Estamos no caminho de aproximação de Deus quando procuramos viver a transparência em três dimensões fundamentais. Para que Deus se manifeste através de minha pessoa é necessário uma relação de transparência com o Eu. Muitas vezes, vivemos iludidos ou criamos máscaras para nos enganar, para “vivermos” uma fantasia que esconde verdadeiros aspectos de nosso ser. Muitas vezes também, evitamos uma relação clara conosco por medo diante da vida e, assim, não percebemos os verdadeiros objetivos que procuramos buscar, ou que gostaríamos de buscar. A primeira relação a trabalhar para encontrar Deus é a relação conosco, a qual deve se tornar nítida, clara e transparente. Ligada a esta está a relação com as pessoas que nos circundam. Se não consigo ser transparente comigo mesmo, não conseguirei ser transparente com os outros. Uma relação está ligada à outra. A relação com os outros se torna muito menos complicada e doentia a partir do momento de “jogamos limpo”. Ser bom com as pessoas significa, em primeiro lugar, ser honesto, o que faz com que evitemos a corrupção. Mesmo que a verdade não seja agradável é necessário ser honesto diante do outro. Lembrando, é claro, que a franqueza deve ser sempre acompanhada da cordialidade, caso contrário, ela se torna grosseria. A transparência cristã não é grosseria e nem possui a intenção de ferir as pessoas, mas contribuir para que elas sejam mais. A falsidade, a hipocrisia sim são sinais de grosseria e desrespeito para com o próximo. Por fim, a transparência e a simplicidade devem estar presentes nas instituições sociais e em nossa organização social. Uma sociedade que se utiliza de tudo para atingir o poder e transforma tudo em um produto a ser vendido não consegue viver na transparência. Uma sociedade que possui divisões sociais gritantes também necessita da hipocrisia e das máscaras para encobrir o seu próprio mal. Em uma sociedade como esta, o Bingo se torna “tarde festiva”; sempre surge um remédio novo com a mesma fórmula do velho para alimentar a indústria farmacêutica; o Sistema Único de Saúde existe em um país doente; a educação é oferecida, mas sem qualidade; muitas pessoas entram no poder público buscando salário e estabilidade; as vias de transporte são pagas pelos impostos e cobradas em pedágios; a universidade pública é para os privilegiados e somente algumas cotas para os desprivilegiados; etc. Sem a transparência, o amor a Deus e ao próximo, a discussão e solução de nossos problemas tornam-se impossíveis.