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Enquanto na Amazônia chove abundante e no Brasil chove corrupção e mentiras abundantes, vale a pena destacar dois eventos de ousadia e esperança em nossa região.
Na região do rio Tapajós, semana passada dois grupos de lutadores sociais deram sinais de que nem tudo está perdido. O primeiro grito por liberdade veio da aldeia do índio, na periferia da cidade de Itaituba. A professora Alessandra Munduruku, valente guerreira, convocou um grupo de parentes para irem até a cidade de Rurópolis, 100 quilômetros distante. Alí, vai acontecer nos próximos dias uma mentira do governo federal, uma farsa de audiência pública, para confirmar a construção de oito pequenas hidroelétricas no rio Cupari, da margem direita do Tapajós. Tais projetos são mais violências à natureza e aos povos da região.
A Joana D`arc de Itaituba não se conforma, junta um grupo de parentes e vai interromper a farsa de audiência pública. Sua atitude motiva outros grupos de lutadores sociais de Santarém que irão a Rurópolis fortalecer a resistência. Assim se constrói outra Amazônia.
Outro momento de esperança, aconteceu na margem esquerda do Tapajós, já no município de Santarém. Sábado passado houve uma assembleia dos moradores da comunidade Muratuba. O líder esclarecia seus companheiros sobre as ameaças que pairam sobre todos da área: geleiras, projetos hidroelétricos, incompetência do órgão federal responsável de proteger as comunidades da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. Dizia o líder aos presentes: Não podemos cruzar os braços e confiar em órgãos do governo. Precisamos agir organizados na defesa de nosso território. Os políticos só nos procuram em época de campanha eleitoral. Quem gosta de nós somos nós mesmos.
Certamente atitudes como essas, estão acontecendo nos outros estados da Amazônia. Só assim se espera que esse tempo imoral de corrupção tenha um fim. Já nas eleições de outubro os e as eleitoras da Amazônia saberão negar voto a todos os políticos que apoiam a ditadura Michel Temer.
Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.