Sonhei que era um pássaro e todos os dias beijava uma linda flor, passando os dias a flor foi murchando, murchando, morreu, e eu chorei, chorei porque não tinha mais aquela flor para beijar, porém lembrei que outras flores surgiriam, mas o mel não teria o mesmo sabor; então chorei e acordei, novamente fiquei esperando que na porta aparecesse a flor de meus sonhos, a flor que certamente me deixaria feliz por alguns momentos. Minuto tornou-se hora, e a madrugada desabrochava como pétalas de rosa: vaidosa, macia e perfumada, como se fosse lábios de uma mulher desejada. Inquieto porque a noite tornou-se mais longa, olhava pela janela e via através da vidraça, pingos de orvalho que caíam como lágrimas da noite molhando casais de vagalumes que brincavam de amor no espaço infinito de meu jardim, mais adiante se ouvia a sinfonia alegre dos grilos e habitantes ritmados desse mundo desconhecido; tanta alegria nesta vida irracional! Senti ciúme, e para ter companhia desejei ser um rato, porém suei, quando vi um gato perto de mim, novamente acordei, agradeci por ser o que sou, e como sou, mesmo só.