Olhando para o mundo hoje dificilmente encontramos motivos para sermos otimistas e nutrirmos esperança de dias melhores. Em geral cresce o pessimismo e o medo a partir dos fatos tristes e cruéis que a mídia nos reporta diariamente. Para muitos pensadores, estaríamos frente a uma barbárie total nas relações entre raças, culturas, etnias, potencias, nações e superpotências. Estamos nesta situação e ninguém sabe “se” e “quando sairemos dela, nos diz o pensador francês Edgar Morin.

Existe uma concordância geral em torno da visão de que a civilização que construímos, a nossa maneira como exploramos os recursos da mãe terra foi trágica, a busca do progresso e desenvolvimento infinito, a nossa maneira de conviver, em que as desigualdades e iniquidades aumentos sempre mais, enfim chegamos a uma situação classificada como insustentável e critica. A crise ecológica que estamos sofrendo evidencia isto. Para muitos já estaríamos em situação de barbárie, há visto tanta insegurança que se tem gerado por causa de atentados terroristas, crescentes fundamentalismos de cunho religiosos e fanatismos, que além de matar muita gente, nos deixam todos prisioneiros do medo do outro! Soma-se a isto a crescente xenofobia quanto a migrantes que buscam melhores condições de vidaafugentados por situações de pobreza e conflitos armados (guerra).

Existe no entanto uma “esperança teimosa” que nos convoca e nos incita a que nos unamos e para que construamos “um mundo possível”, se quisermos deixar como legado a existência de um futuro para as gerações vindouras. E neste contexto inquietante que começam a surgir em muitos quadrantes do mundo algumas iniciativas alternativas criativas, que ensaiam novas formas de produzir, consumir, repartir os bens e conviver com os diferentes culturalmente, de uma forma respeitosa e num clima de paz. Um destes novos sinais de esperança é o “Manifesto convivialista: Declaração de interdependência”, denominado convivialismo, proposto inicialmente pelo pensador francês Alain Caillé. Trata-se de um movimento que vem crescendo e ganhando sempre mais expressão, com adesões de pessoas de boa vontade, das mais diferentes raças, culturas e religiões, e diferentes áreas do mundo cientifico, no mundo inteiro.

O convivialismo é um movimento em cuja visão e ação temos um conjunto de valores e princípios éticos, sócio-políticos, econômicos e espirituais que colocam como centro o equilíbrio entre a ação humana numa relação respeitosa com a natureza, o planeta Terra. O fundamento de tudo é o cultivo de uma relação respeitosa, não-violenta ou exploradora em relação a natureza e entre os seres humanos, o respeito a tudo o que existe e vive e a cooperação entre todos ao invés da acumulação e da concorrência, que são causa de maiores exclusões e desigualdades (cf. www.lesconvivialistes.org).

Colocamos em realce alguns dos pontos fundamentais deste “Manifesto convivialista”.

A partir de um diagnóstico inicial de nossa realidade contemporânea afirma que “Jamais a humanidade dispôs de tantos recursos materiais e competências técnicas e científicas. Considerada em sua globalidade, ela é rica e poderosa, como ninguém nos séculos anteriores poderia imaginar. Nada comprova que ela esteja mais feliz. Porém, nenhuma pessoa deseja voltar atrás, pois todos percebem que, cada vez mais, novas possibilidades de realização pessoal e coletiva se abrem todos os dias.

Mas, por outro lado, ninguém pode mais acreditar que essa acumulação de poder possa prosseguir indefinidamente, tal qual em uma lógica de progresso técnico inalterada, sem se voltar contra ela mesma e sem ameaçar a sobrevivência física e moral da humanidade.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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