resomar 15 de janeiro de 2018

Não tenho medo de alturas, mas posso cair te carregando e não quero tê-lo aos pedaços quando poderia tê-lo por inteiro…
Não  consigo atravessar emoções enlouquecidas que perfuram a minh’alma…
Há bocas sedentas, cerradas, somando ou repartindo silêncios e agonias…
Na minha fragilidade de ser, embalagem construída na solidão dolorida, foram-se minhas asas sonhadoras e minha espada afiada varando a escuridão e as estrelas…
Mergulho no fundo de tuas sombras, rascunhando no mar um coração simplesmente retalhado e ausente…

Há um desalinho lírico, perdido, sem limites na ternura sonolenta de uma tecla solta a contemplar estações abraçadas entre lágrimas e grades…
Quero guardar na imaginação os pesadelos e espinhos não vividos…
Na memória, tua metade, cálice sagrado e violado na ousadia da saudade a agonizar no chão lavado e frio de recusas e receios…
Busco no manto um agasalho que me proteja de tua racionalidade a invadir os portões decepados pelo pranto, estrangulando a esperança de repousar o meu cansaço em teu suor bebido na contramão da despedida…

Há flores em teu olhar pinceladas de sangue…
Há um sutil vazio nas enigmáticas sensações e o tempo grisalho se esgota…

Guarda-me na distante rebeldia, rolando na paisagem pincelada de uma madrugada interminável, luta insustentável, circunstâncias abomináveis na esquina de teus fastios (des)encontrados…
Prossigo no risco de tentativas sobrevoando o espanto dos (des)encantos do amor, círculos disformes que gotejam descompassos, soluços na palavra transfigurada…

Deixa-me vagar na contradição, rasgar o pensamento assustado na explicação absurda, grito perdido no murmúrio, trajetória sonolenta de um crepúsculo dedilhado em tuas veias desnudadas a vagar em curvas desdentadas e opacas…

Deixa-me parar no esquecimento, entregar todas as armas e respirar em paz!
08.10.2009
[email protected]

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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