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A pergunta que atravessa os séculos e à qual o Evangelho de São Mateus, no capítulo 16, nos dá a resposta única e verdadeira da fé cristã, expressa pelo apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo.”
Doutor pela Universidade de Paris VIII e com pós-graduação pela Universidade de Tel-Aviv (Israel), o recifense Luiz Felipe Condé, professor na PUC de São Paulo e também colunista da Folha de São Paulo, trata dessa inquietante indagação da História num ensaio intitulado “O catolicismo hoje”, na coleção “Para entender” da editora Benvirá.
Assim ele se exprime: “A opção final dos primeiros cristãos será pela natureza dupla e não misturada de Cristo, Deus e homem. Quando agoniza na cruz é o homem que fala. Quando ressuscita, é Deus quem vence a morte humana. Por outro lado, a dupla natureza de Cristo será importante para entendermos o peso de sua paixão: um Deus que sente dor por amor à humanidade, esvaziando-se de seus “superpoderes” para sofrer a paixão em nome da pedagogia do amor, pedindo ao Pai (portanto, na condição de homem) que “perdoe, porque eles não sabem o que fazem” e nos redimindo de nossos pecados. A escolha pela dupla natureza de Jesus, não deve ser menosprezada porque ela carrega em si um sentido teológico essencial. Se Jesus fosse apenas um homem, seria mais um profeta de Israel, um mero messias (que para os judeus é apenas um homem) como diziam os arianos (uma das correntes cristológicas da origem do cristianismo). Se por outro lado, ele fosse apenas um espírito ( docetismo, outra corrente cristológica antiga) sua paixão seria apenas uma farsa para emocionar o povo. Sua dor seria uma mentira.” Até aqui Luiz Pondé.
O que separava os arianos da fé católica era um simples i grego. Eles tentavam ensinar que Jesus era “homoiúsios” do Pai, isto é, de natureza semelhante à do Pai, enquanto a fé católica professa que o Filho é de natureza idêntica “homoúsios” à do Pai.
Vamos concluir com o autor citado acima: “Apenas a dupla natureza daria a Jesus sua grandeza teológica: Um Deus que sofre livremente por amor à humanidade.” (15.11.14)
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.