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Procuro no ar,
Na areia da praia,
Na flor madrugada,
Teu rosto, teu vulto,
Teu doce mistério
Que o tempo inventou
E a vida plasmou
Com mãos diferentes.

Procuro na tarde,
Na estrela, no beco,
No prédio cinzento,
Em corpos alheios,
Em luzes de sombra,
Em passos fantasmas,
As formas e a essência,
De um nome que trazes
De estranhos batismos
Nas águas da noite.

Procuro em meus passos
Os passos que passam
Em doidas calçadas,
Em rumos de abismo,
Em praças sem dono,
Em relvas de sono.
E sinto que sangro;
Procuro a procura,
O encontro que foge,
O espelho que corta,
O adeus que se salva,
O riso afogado
Na vida que morre.

Procuro nos bolsos
A chave perdida,
A senda secreta
De teus desvarios.
Teu rosto é uma fuga
Teus olhos regressam
Aos fios de chuva,
E um brilho de espadas
Caminha em meu corpo.
Tateio meu rosto
Tateio minha vida,
E sinto teus olhos
Plantados nos meus,
E sinto teu rosto
Crescer em meu rosto
E sinto teu nome
Surgir de meu nome.

Procuro meus passos
E sei que caminhas.
Descubro meus gestos
Em mãos diferentes.
Indago de mim
E sei-me plural.
Agora que somos
O chão da procura
E grito este grito
Que não reconheço.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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