O sol do meio dia
Vaza por entre nuvens espessas.
Umedecida de suor
A ocasião pressente o caos
De mais uma tarde urbana.
Reflexos gritantes
Ferem a paisagem aguda das edificações,
Onde corpos assimétricos trafegam
Ignorando o seu reflexo tosco
Que sombreia um encardido chão.
Uma alma por um argumento!
Uma vida desperdiçada.
A troca diária de sensações por valores.
E o contraditório aplicado nas sombras
Onde fingem e se enganam por acreditar
Na própria armadilha.
O som aziago do transito,
Motores que assim como os ruminantes
Engrossam o ar com seus alívios.
Uma acácia, por favor!
Onde foi parar minha sibipiruna
Que me protegia de tanto cinza?
Meu sangue não é gasolina!
Preciso de natureza,
Para ter certeza
Que essa brisa que me afaga,
Não é a descarga de um caminhão.
Será que ainda estou vivo?