Djanira Silva 1 de janeiro de 2018

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A mesa posta, a taça de vinho, a música.

Marcas de uma presença estendida feito um tapete desde o jardim até as portas do quintal.

A rede vazia, sacudida pelo vento me fez lembrar dos momentos que ali passamos, sem nada falar porque falavam as mãos na ternura afoita dos carinhos.

Sinto, como se fosse agora, o calor do seu corpo enchendo-me de prazer e de desejo. As faces afogueadas, o coração disparado quase me deixando ouvir o sangue circular pelo corpo, em mágicas e profundas sensações. No quarto, a cama alcoviteira silenciosa, espera, conserva, ainda, as marcas do corpo desenhado entre os travesseiros e as cobertas, desde

a primeira vez. Fecho meus olhos nos dele.

Na penumbra do quarto, entre o branco dos lençóis, a sombra se confundia com as cores da noite e a iluminação da rua, em furtivas nesgas medrosas. Queimo de desejo. Os seios pequenos empinados, firmes, o ventre leve e livre. Nos olhos, o medo, medo dos mistérios da entrega, medo que aumentava a excitação, tanta, que o corpo doía como se tivesse febre.

Levanto-me, estendo os braços, beijo-lhe os olhos, o rosto, o ventre. Adormeço sem saber para onde ele foi.

Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega

A autora é poetisa,  escritora contistacronistaensaísta brasileira.

Faz parte da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Academia Recifense de Letras, Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda, Academia Pesqueirense de Letras e Artes , União Brasileira de Escritores – UBE – Seção Pernambuco
Autora dos livros: Em ponto morto (1980); A magia da serra (1996); Maldição do serviço doméstico e outras maldições (1998); A grande saga audaliana (1998); Olho do girassol (1999); Reescrevendo contos de fadas (2001); Memórias do vento (2003); Pecados de areia (2005); Deixe de ser besta (2006); A morte cega (2009). Saudade presa (2014)
Recebeu vários prêmios, entre os quais:

  • Prêmio Gervasio Fioravanti, da Academia Pernambucana de Letras, 1979
  • Prêmio Leda Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras, 1981
  • Menção honrosa da Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990
  • Prêmio Antônio de Brito Alves da Academia Pernambucana de Letras, 1998 e 1999
  • Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2000
  • Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2010
  • Prêmio Edmir Domingues da Academia Pernambucana de Letras, 2014
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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