Poderia a luz da manhã se despir nas flores de teu quintal.
Poderia a tua pele se vestir de manhãs por exercício de meus carinhos.
Poderia ser um tempo suspenso dos tempos a desenhar os dias cheios de luz e manhãs.
Poderia aquela luz das manhãs envelhecer em nossas peles durante o exercício de nossas mãos.
Poderia aquela manhã surpreender os nossos olhos com viços como se a vida pudesse se perpetuar em ser e brotar aconchegos.
Poderia aquela flor se despir em nós na plenitude de ser breve e flor e se cumprir em seu despetalar.
Deveria o viver ser apenas esse alvorecer em nossos colos, longe da violência dos tempos.
Deveria o nosso colo alvorecer.
Deveria meu corpo ser identidade do teu.
Poderia, deveria…
E tua alma repousaria luz na minha e a minha seria manhã em teu ventre.