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Com grande repercussão na imprensa italiana – favorável aos católicos ou não – o Papa Francisco fez confidências notáveis de sua visão de Igreja  aos bispos e delegados de todas as dioceses da Itália, participantes do Quinto Congresso da Igreja Italiana, em 10 de novembro do ano passado, na belíssima catedral da cidade da arte, Florença.

Pretendo nesse artigo limitar-me a citações da palavra do Sumo Pontífice, sem comentários.

“Sonho com uma Igreja livre, aberta, inquieta, cada vez mais próxima dos abandonados, com o rosto de uma mãe que compreende, acompanha e acaricia” afirmou Francisco. Contemplando a cúpula da belíssima catedral da cidade da arte, disse ele: “Nesta cúpula,  está representado o Juízo Universal. No centro está Jesus, a nossa luz. A inscrição,  que se lê no ápice do afresco, é: Ecce Homo – ´Eis o Homem´. Olhando para esta cúpula somos atraídos para o alto, enquanto contemplamos a transformação do Cristo, julgado por Pilatos, ao Cristo elevado ao trono de Juiz.” Citando o evangelista João, diz o papa: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (Jo 3, 17). E continua: “À luz deste juiz de misericórdia, os nossos joelhos dobram-se em adoração e  nossas mãos e pés fortalecem-se. Só podemos falar de humanismo a partir da centralidade de Jesus, descobrindo nele os traços do autêntico rosto do homem.”  Mais adiante continua o Pontífice: “Humildade, abnegação, bem-aventurança: as três características que desejo apresentar hoje à vossa meditação sobre o humanismo cristão, que nasce da humanidade do Filho de Deus. E essas características dizem algo também à Igreja italiana, que hoje se reúne aqui para caminhar unida num exemplo de sinodalidade.”

 Com vigor, acentuou o Papa citando S. João Paulo II: “A opção pelos pobres é forma especial de primado na prática da caridade, testemunhada por toda a tradição da Igreja” (Encíclica Sollicitudo rei socialis, 42). E citando o seu antecessor: “Esta opção está implícita na fé cristológica naquele Deus, que se fez pobre por nós a fim de nos enriquecer, mediante a sua pobreza.” (Bento XVI na  Conferência de Aparecida). Continuou Francisco: “Que  Deus proteja a Igreja italiana contra qualquer tipo de poder, de imagem, de dinheiro. A pobreza evangélica é criativa, acolhe, apoia e é rica de esperança.” Ainda:” Aprecio uma Igreja italiana inquieta, cada vez mais próxima dos abandonados, dos esquecidos, dos imperfeitos. Desejo uma Igreja feliz com um rosto de mãe, que compreende,  acompanha, acaricia. Sonhai também vós com esta Igreja, acreditai nela, inovai com liberdade. O humanismo cristão que sois chamados a viver afirma radicalmente a dignidade de cada pessoa como filho de Deus, estabelece entre todos os seres humanos uma fraternidade fundamental, ensina a compreender o trabalho, a habitar a criação como casa comum, fornece razões para a alegria e o bom humor mesmo numa  vida muitas vezes dura. Apesar de não competir a mim dizer como realizar hoje este sonho, permiti-me só que vos deixe uma indicação: Para  os próximos anos em cada comunidade, paróquia e instituição, cada diocese e circunscrição, em cada região, procurai dar início de forma sinodal  (o papa  quer dizer de forma comunitária) a um aprofundamento da Evangelii Gaudium  (sua exortação apostólica) a fim de haurir dela alguns critérios práticos e atuar suas indicações, especialmente sobre as três ou quatro prioridades que ireis indicar neste congresso.”

E concluindo: “ Confio-vos a Maria, que aqui em Florença  é venerada como Santíssima Annunziata. No afresco que se encontra na homônica Basílica – onde irei daqui a pouco – o Anjo cala e Maria fala, dizendo: Eis aqui a escrava do Senhor – faça-se em mim segundo as tuas palavras. Nessas palavras estamos todos nós. Que toda a Igreja italiana as pronuncie com Maria.

Obrigado.”

Eis o sonho do nosso Papa Francisco não só para a Igreja que está na Itália, da qual ele é o Arcebispo  Primaz, além de Bispo de Roma, mas para toda a Igreja, da qual é o Sumo Pontífice.

Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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