Rômulo Vieira 15 de dezembro de 2017

Há muito ouvi o seguinte “causo”: Um caminhoneiro, dono de um Pau-de-arara transportava fiéis a um santuário. A cada viagem ficava mais aborrecido com tanta reclamação dos usuários de seu transporte. Alguns reclamavam por o caminhão não ter uma coberta, outros porque os bancos eram desconfortáveis, outros mais porque o caminhão saltitava. Enfim era uma ladainha só de reclamações.

Ele então resolveu amarrar em cima do caminhão, junto aos passageiros um brioso bode, excelente Pai-de-chiqueiro. A partir daí todos passaram a reclamar do mau cheiro do famoso animal. Realmente em sua masculinidade plena, o macho exalava um insuportável cheiro, principalmente para aqueles que não conheciam os atribuídos de um senhor bode Pai-de-chiqueiro. A partir daí como as reclamações se concentravam apenas no mau cheiro do bode, o caminhoneiro disse aos seus passageiros: “Vocês viram como as coisas poderiam estar bem pior, do que daquilo que vocês vinham reclamando.        Vamos embora, concentre-se nas suas preces e alcançaremos nosso objetivo mais tranquilamente”.

Desculpem-me os historiadores ou os nossos contadores de causos, mas esta narrativa foi só para relembrar um outro fato que vivi há alguns anos. Estava eu com um grupo de amigos a discutir a super lotação do Hospital Getúlio Vargas em Teresina: que absurdo, que falta de compromisso com a saúde, quantos padeciam naquelas intermináveis filas e naqueles atendimentos realizados nos corredores do hospital, etc. etc., quando um amigo médico apaixonado por sua profissão ”sartou” de lado em defesa do Hospital: vocês sabem por que aquele hospital está sempre “abarrotado de pacientes”? É porque o atendimento ali é bom, os atendimentos ali têm resolutibilidade. Os profissionais dali são competentes, independentemente dos salários que recebem e apesar da falta de estrutura do Hospital, os mesmos conseguem solucionar a grande maioria dos problemas que ali chegam. Ficamos todos a pensar naquele dia e hoje tenho a seguinte compreensão quando vejo a super lotação naquele hospital público: É o pessoal dali realmente é muito bom, o atendimento poderia ser bem pior, se não houvesse profissionais competentes naquela instituição.

Gostaria de fazer outro paralelo hoje. O dia de eleições finalmente está chegando e muitos talvez ainda não definiram seu voto, pensando até mesmo em votar em branco, ou anular o voto, porque não acharam nenhum candidato que merecesse seu voto. Que lástima. Outros pensam em votar naquele candidato que as pesquisas indicam que ganhará a eleição, para não perder o voto. Que droga. Outros ainda dizem não gostar de política e o voto é só por obrigação. Que pena. Infelizmente esse é o nosso retrato brasileiro, uma imensa maioria ainda não tem consciência política, não exerce sua cidadania e são analfabetos, não de formação geral, mas analfabetos politicamente, porque até mesmo alguns doutores em ciência, se apresentam como analfabetos.

Pensemos um pouco: no meio de tantos candidatos ditos ruins não poderíamos eleger pelo menos o menos ruim? E olhem que se apresentam alguns candidatos que realmente têm compromisso com a sociedade, que querem fazer da política a arte de servir. Mas se não conseguires identificar este vosso representante, veja sinceramente o que diz sua consciência, vote no seu melhor candidato, não se preocupe com pesquisas, em não perder seu voto, não queira vender o seu voto. Não é só o dinheiro que o compra, você também o vende quando trai sua consciência, principalmente a consciência cidadã. E pense: poderia ser bem pior se eu não tivesse o direito de escolher o meu candidato? Vote certo (pelo menos com sua consciência).

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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