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Eu não entendo bem de como se fazer uma análise exaustiva sobre a vida, sobre os acontecimentos que se seguem, um após o outro. É um fluxo contínuo que se passa inexoravelmente segundo a segundo, por assim dizer… Já que não há medida que nossa abstração possa compreender a passagem da vida. O tempo é só uma ilusão.

Então, como entender os momentos de transformação? Não seriam as mudanças algo inerente à passagem da vida? Passagem… Talvez seja isso: Le temps detruit tout!

O que nos resta deve ser o mais profundo conformismo diante desse caminho. Mas existe uma coisa pior do que a dor das perdas desse caminho… É o vazio na inação.

Em algum momento, sem dúvida, sinto que a vida se perdeu. Que a lógica que dava a segurança de se estar construindo algo não existe mais. Quem me dera poder acreditar nas esperanças de outrora mais uma vez. Pessimismo e ceticismo são escolhas muito árduas para se carregar nas costas. Mas não há volta, não há como se apagar o que hoje se consegue enxergar. Não posso dizer nem que me perdi no caminho mais, acho que não existe mais caminho… Por isso digo que a vida se perdeu, e eu não sei ao certo quando. São tantos momentos, infinitos como os pontos de uma reta e não tente voltar e contá-los, ou analisar um a um… Isso seria loucura planejada.

Estranho. Apenas nessa idéia consigo pensar. Entre amigos, conhecidos, familiares, desconhecidos… Nas ruas, nos bares, nos becos, em qualquer lugar… Estranhos… Tudo é tão estranho a mim. Não há lugar seguro, lugar pra chamar de meu, não há identificação. Definitivamente, não sou daqui… E o mais assustador: não sou de lugar algum. Talvez apenas poeira estelar.

Em suma, ao passo que passa o tempo, passamos a entender o que porquê de todas cartas serem datadas…

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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