(Para Charles Bradley – 1948/2017)
Quando a morte intenta, Charles
O grito pode ser alto,
O pulo pode ser pouco,
O sonho pode ser fatal.
Quando a vida bate, Charles
O amor materno sangra,
O sangue irmão escorre,
A cor da pele delata.
Quando a luta açoita, Charles
A rua pode ser mãe,
O Brown pode ser esquete,
A dor pode ser contida.
Quando a etiqueta assoma, Charles
A subnutrição pode ser um urro,
O analfabetismo pode ser mordaça,
O ferido sem ferir pode ser redenção.
Apesar de cortejado por 63 anos
Pela dança da morte,
Nos 5 anos em que seu par foi a vida
Cantaste honestamente,
Foste além da rima,
Transfigurando dor em amor.
Da tua catarse epifânica,
Calcada no teu duplo soul,
Fez-nos voar,
Apesar dessa injusta morte,
Que busca sempre aniquilar o sonhador
Para matar, em nós, o sonho.
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