Partia todo dia à mesma hora, silenciosamente.
Partia e nada dizia, gesto algum fazia.
Eu ficava a pensar, repensar, o porquê daquilo tudo.
Pensava e repensava a vida, nada entendia.
Entediavam os dias, fatigavam as pessoas.
Nada gerava alegria. Felicidade? Nenhuma!!!
E num vaivém de movimentos e gestos, retornava.
Acomodava-se em uma poltrona, lia o jornal no silêncio.
Dirigia-se ao banheiro para as necessidades
E na geladeira satisfazia os borbulhos do estômago.
Uma cumplicidade morta, um companheirismo ausente.
Um falar quase nada, um vazio dos vazios
Sentimento de tristeza, de nulidade, de melancolia extrema.
Partiu mais uma vez. Silenciosamente, partiu
E num simples adeus se despediu.
Dessa vez, para sempre se foi.
Sem deixar saudade, sem nada deixar em mim.