www.dedvaldo.blogspot.com.br
[email protected]

Acabo de ler o incrível livro intitulado Magnificat, o louvor de Maria, de Martin Lutero, co-editado pela Editora Sinodal, de São Leopoldo, Rio G. do Sul, e a Editora Santuário, de Aparecida. O llvro é prefaciado pelo Cardeal Raimundo Damasceno Assis, à época Arcebispo de Aparecida, por  Nestor Paulo Friedich, Presidente da Igreja Evangélica  de Confissão Luterana no Brasil e  Martin N. Dreher.

 Trata-se de uma nova edição da desconhecida – ao menos entre os católicos – obra de exegese mariana do autor da Reforma no século 16, que neste ano está comemorando seus 500 anos, ao lado da comemoração  dos 50 anos de encerramento do Concílio Vaticano II, a grande obra de atualização da Igreja Católica, iniciada no século passado pelo Papa João 23 e os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul, iniciando a grande devoção do povo brasileiro Àquela, que se tornaria depois a padroeira de nossa pátria.

 Começa Lutero: “Se queremos entender este santo cântico de louvor, precisamos levar en conta que a Virgem Maria, muito louvada, fala de experiência própria. Ela foi iluminada e instruída pelo Espírito Santo. Ninguém é capaz de entender corretamente Deus ou a Palavra de Deus se não for com a ajuda do Espírito Santo. Mas de nada adianta essa ajuda se a pessoa não experimenta, sente ou percebe o Espírito Santo. Nessa experiência, o Espírito ensina como em sua própria escola. É o caso da Virgem Maria. Ela própria experimentou que Deus fez grandes coisas nela mesmo sendo ela uma pessoa sem importância, pobre e desprezada.”

 Continua: “Já foi dito que o Espírito faz compreender as coisas incompreensíveis por meio da fé. Por isso Maria também chama Deus seu Salvador ou sua bem-aventurança. Ela havia recebido essa fé da obra de Deus realizada nela.  Na verdade, ela age na ordem certa, chamando Deus de seu Salvador ou sua bem-aventurança, e chamando-o Salvador antes de mencionar suas obras. Com isso, Maria nos ensina que devemos amar e louvar Deus em sua devida ordem e tal como Ele é. Nunca devemos procurar nele algo de nosso próprio interesse. Ama e louva Deus exclusivamente  e do modo legítimo: aquele que o louva somente porque Ele é bom.”

 No versículo 48, comenta Lutero: “Alguns interpretaram a palavrinha humildade como se a Virgem Maria tivesse apontado para a sua própria, vangloriando-se dela. Por isso algumas pessoas de Igreja também se chamam de “humildes”, o que está muito longe da verdade. Diante de Deus ninguém pode vangloriar-se de alguma coisa boa, sem faltar à verdadeira humildade.Aqui Maria canta de uma só vez todas as obras que Deus fez nela. Ela observa uma sequência conveniente. No versículo anterior, ela cantou o fato de Deus a ter contemplado e a sua misericordiosa vontade para com ela. Aliás, isso é o mais importante e o principal em toda a graça. Maria fala de obras e dons, que Deus concede a certas pessoas e as beneficia maravilhosamente.” E continua a bela exposição  de Lutero, que Martin Dreher chama de “exercício de piedade, de mariologia evangélica, de orientação sobre interpretação da História e convite para o exercício político responsável.”

 Daí se vê como estão fora do pensamento do reformador do século 16 os que não cultivam uma verdadeira e esclarecida devoção à Virgem Maria, Mãe de Jesus.

Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]