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1 – O Filho do Dono da Vinha foi assassinado!
(Mateus, 21,33-43)

Cuidar de vinhas (plantações de uva), colher uvas, fazer o vinho é, com certeza, uma das mais nobres expressões do trabalho rural. Carrega em si a expectativa da festa. É presságio de alegria, de felizes momentos, de bons tempos. Mas os vinhateiros (plantadores de uva) da parábola, ao contrário, são protagonistas de uma secular história de maldades, de uma tradição de hipocrisia e perversidade. Surpreendentemente, todos os profetas de Israel foram vítimas de seus chefes políticos e religiosos. Eles cobraram os direitos de Deus, a respeito de sua vinha, o povo: a fidelidade aos mandamentos, a honestidade, a prática da justiça, o cuidado com os necessitados. Os chefes, porém, cuidavam só de si, dos seus interesses egoístas.

Jesus, o Filho do Dono da vinha, chega para anunciar os tempos da colheita e da festa. Vão fazer com ele o que sempre fizeram no passado, com os justos e os profetas.

Nós, porém, no brilho da sua Ressurreição, cantamos a vitória do amor e a esperança de um novo tempo!

* * * * *

A quem cabe, hoje, a tarefa da “profecia”?

Quem denunciará, hoje, a hipocrisia das religiões, das Igrejas, que pregam o amor e a paz, mas estão ausentes da luta pelos direitos dos filhos e filhas de Deus, descomprometidas com a causa dos excluídos e excluídas, caladas diante da ambição desmedida dos ricos, das opressões dos poderosos, dos desmandos e da corrupção dos três poderes da República, quando não, coniventes e mancomunadas com os mesmos?…

Quem terá hoje a coragem dos profetas de Israel?… Quem, em nome do “Filho do Dono”, terá moral para tanto e, destemidamente, anunciará a “Pedra” escolhida por Deus, sobre a qual o reino da injustiça será despedaçado… debaixo da qual toda maldade será esmagada?…

2 – Os convites de Deus
Mateus 22,1-14

Convidados, toda semana, ao banquete do Senhor, à sua Santa Ceia, não podemos esquecer a preparação.

Esta, acontece no dia-a-dia de cada um, de cada uma, a cada momento, que traz sempre consigo algum misterioso apelo a abrir as mãos, a compartilhar o banquete da vida, a viver a irmandade.

E é aí que muita gente se nega e se engana.

Ao caminharmos para a missa, olhemos bem para nossas mãos… Quantos convites podem ter ficado para trás, sem resposta!… Ao convite da missa, só vale a pena atender, se, primeiro, soubemos atender aos outros….

Será que outra gente deveria sentar-se à Mesa, gente aparentemente sem qualquer valor, mas que, na simplicidade, ama muito mais generosamente que nós?…

Nosso canto será o canto alegre de um povo que aprendeu a dizer sim aos convites de Deus, na convivência cotidiana com as demais pessoas?…

* * * * *

Importa estarmos atentos às oportunida-des que a vida cria por si mesma, sem que a gente precise planejar ou provocar. Isso é coisa de cada momento: um favor que de repente alguém pede… um acidente que ocorre onde você está passando… a água ou o gás que faltou na casa do vizinho…

Mas há as que você pode prever. Na medida em que dá para saber antecipa-damente o que vai ocorrer na semana se-guinte, você pode se preparar, agendar, saber mais ou menos exatamente o que poderia ser sua atitude, sua inciativa e participação.

E há coisas maiores, anunciadas, divul-gadas em tempo, a serem encaradas com senso de responsabilidade, espírito de cidadania e consciência de classe…

Serão, todos esses, convites do Rei, oportunidades de fazer acontecer o Reino de Deus?…

Atendê-los, quem sabe, terá tudo a ver com a Missa para a qual você se dirige…

3 – Ser honesto, ser honesta com Deus e a Humanidade!
Mt 22,15-21

Quando o que está em questão são nossos deveres de cidadãos e nossos deveres de religiosos, de crentes, o que é realmente decisivo para nós, quais são os critérios do nosso discernimento?…

Estamos realmente empenhados na busca da vontade do Pai, ou por trás de nossa teologia ou da aparência de religião se escondem outros interesses?…

Por trás de nossos discursos políticos, há um sincero compromisso com o bem comum, com o interesse público, com prioridade para os que mais precisam, ou busca de poder, de privilégios e vantagens para nós e para o nosso grupo?…

Jesus, hoje, está nos convidando a uma revisão sincera de nossos esquemas e estratégias, enquanto crentes, religiosos e políticos, cidadãos e cidadãs… Sermos honestos com Deus e com o nosso Povo, eis a questão!

E a nossa liturgia precisa celebrar esta honestidade.

E o nosso canto, ter essa pureza.

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 Ano que vem, por esse tempo, já teremos o resultado das Eleições, pelo menos do 1º Turno… Quanto seria bom, começarmos em tempo, a pensar em nossas responsabilidades com o país, começando pelo nosso estado…

Não interessar-se por política é o pior modo de fazer política: você deixa com os outros a responsabilidade de decidir por você… E quem sabe o que os outros decidirão?… Só não vê quem não quer o que aqueles e aquelas que foram eleitos nas eleições passadas estão fazendo com o país, com a Classe Trabalhadora, com você…

Pensando, diante de Deus, você acha mesmo que não tem nada a fazer?…

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FÓRUM JUSTIÇA E PAZ, uma oportunidade preciosa de avaliar como está sendo a vida da população, a sua vida, à luz dos DIREITOS HUMANOS:

– Direitos humanos CIVIS: ver as situações de injustiça e violência decorrentes de políticas e ações que cerceiam a liberdade da palavra, manifestação, opinião, organização, do pensamento e respeito à religiosidade e à fé de cada pessoa… direitos à diversidade étnica racial e de gênero… acesso à justiça de forma equitativa e imparcial.

– Direitos humanos POLÍTICOS: ver as situações de injustiça e violência decorrentes das fissuras no Estado Democrático de Direito. Fissuras resultantes da crise institucional vigente no país que ameaçam as garantias constitucionais dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários  

– Direitos humanos ECONÔMICOS: ver as situações de injustiça e violência decorrentes da ausência de políticas que permitam às crianças e aos adolescentes chegarem aos 18/20 anos igualmente preparados para a vida e para o trabalho; que impeçam o trabalho escravo e levem à geração de mais e melhores empregos com igualdade de oportunidades e tratamento; que assegurem aos cidadãos o direito a um endereço cidadão (casa, escola, segurança, serviços públicos de saneamento, coleta de lixo, iluminação, transporte) em harmonia e preservando o meio ambiente e que permitam, no campo da seguridade social, adequada cobertura nas situações de desemprego e uma velhice digna na aposentadoria.

– Direitos humanos SOCIAIS: ver as injustiças e violência decorrentes do desmonte ou ausência de políticas voltadas para a criança e ao adolescente e para a moradia, para a saúde (desmanche da política de atenção básica, na privatização dos hospitais públicos e na volta ao tratamento manicomial para portadores de doenças mentais),  para a moradia (desincentivo à política de moradia popular), enquanto crianças e adolescentes ficam sujeitos a violência e abusos, e sob o risco de encarceramento maior caso se aprovem projetos, em tramitação no Congresso Nacional, da redução da maioridade penal.

– Direitos humanos CULTURAIS: ver as injustiças e violência decorrentes da ausência de políticas que garantam o acesso e a permanência de todas as crianças, bem como a jovens e a adultos, a uma escola de qualidade, à prática do esporte e de lazer e aos bens e expressões culturais de forma inclusiva e que promovam a igualdade de gênero e raça..  a injustiça decorrente dos entraves ao direito à divulgação da cultura e suas diversas manifestações.

– Direitos humanos AMBIENTAIS: ver as situações de injustiça e violência decorrentes da falta de políticas que respeitem limites ao crescimento econômico e que considerem, no âmbito do planejamento da economia, as dimensões humana, ecológica e participativa, respeitando os direitos das populações originárias e tradicionais. E colocando a vida acima das regras e dos interesses do mercado.

Você vai perder esta oportunidade?…

Isncrição gratuita: www.unicap.br/ihu

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE. 
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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