A doença de Alzheimer atinge no Brasil cerca de 1,2 milhão de pessoas, sendo que no mundo são 35,6 milhões de casos segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Seu nome oficial liga-se ao médico alemão Alois Alzheimer, considerado o descobridor da doença em 1906. Tudo começou com sua paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, apresentou um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem, com dificuldade para compreender e se expressar e tornando-se incapaz de se cuidar.

Após o falecimento de Augusta, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença.

O Alzheimer ainda não tem cura, mas pode e deve ser tratada. Atinge principalmente os idosos. Trata-se de uma doença triste e devastadora e corresponde a 70% dos casos de demência.

Quanto mais tempo vivermos, maior e a probabilidade de que nos encontremos com ela. Popularmente esta enfermidade foi erroneamente chamada de “esclerose’ ou “caduquice”. A doença se apresenta como demência, ou seja perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais.

Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo-se assim melhor qualidade de vida para a pessoa e familiares. Ainda não sabemos por que a o Alzheimer ocorre, mas sabemos os fatores de risco que facilitam seu desenvolvimento, tais como a hipertensão, diabetes, tabagismo e sedentarismo.

Hoje situações tristes de pessoas acometidas por Alzheimer, são retratados em muitos filmes, de forma dramática. Um dos últimos é o filme “Para sempre Alice” (EUA, 2014). Nele a atriz Julianne Moore, na personagem Alice, representa uma professora de linguística que descobre aos 50 anos, um tipo raro de Alzheimer, de origem genética.

Cada um dos seus três filhos tem 50 % de probabilidade de ter herdado o gene que desenvolverá a doença. Acompanhamos o desaparecimento progressivo de Alice à medida que os sintomas vão se acelerando e interferindo na sua vida cotidiana e família. Um dos momentos mais tocantes da película é quando Alice discursa para uma associação de apoio a portadores de Alzheimer, e fala sobre a arte da perda. Vejamos alguns trechos a seguir:

“A poetisa Elisabeth Bishop escreveu: `A arte de perder não é nenhum mistério; tantas coisas contêm em si o acidente de perde-las, que perder não é nada sério. Eu não sou uma poetisa. Sou uma pessoa vivendo no estágio inicial de Alzheimer. E assim sendo, estou aprendendo a arte de perder todos os dias. Perdendo meus modos, perdendo objetos, perdendo sono e, acima de tudo, perdendo memórias.

Toda a minha vida eu acumulei lembranças. Elas se tornaram meus bens mais preciosos. A noite que conheci meu marido, a 1ª. Vez que segurei meu livro em minhas mãos, ter filhos, fazer amigos, viajar pelo mundo. Tudo que acumulei na vida, tudo que trabalhei tanto para conquistar, agora tudo isso está sendo levado embora. Como podem imaginar, ou como vocês sabem, isso é o inferno. Mas fica pior.

Quem nos leva a sério quando estamos tão diferentes do que éramos: Nosso comportamento estranho e fala confusa mudam a percepção que os outros têm de nós e a nossa percepção de nós mesmos. Tornamo-nos ridículos. Incapazes. Cômicos. Mas isso não é quem nós somos. Isso é a nossa doença. E como, qualquer doença, tem uma causa, uma progressão, e pode ter uma cura. Meu maior desejo é que meus filhos, nossos filhos, a próxima geração não tenha que enfrentar o que estou enfrentando. Mas, por enquanto, ainda estou viva. Eu sei que estou viva. Tenho pessoas que amo profundamente, tenho coisas que quero fazer com a minha vida. Eu fui dura comigo mesma por não ser capaz de lembrar das coisas. Mas inda tenho momentos de pura felicidade. E, por favor, não pensem que estou sofrendo. Não estou sofrendo. Estou lutando. Lutando para participar das coisas, continuar conectada com quem eu fui um dia.

‘Então, viva o momento`, é o que digo para mim mesma. É tudo que posso fazer. Viver o momento. E me culpar tanto apor dominar a arte de perder. Uma coisa que vou tentar guardar é a memória de falar aqui hoje. Irá embora, sei que irá. Talvez possa desaparecer amanhã. Mas significa muito estar falando aqui hoje. Como meu antigo eu, ambicioso, que era tão fascinado em comunicação. Obrigado por esta oportunidade. Significa muito para mim.”

Que dizer, após este relata tão verdadeiro da condição humana de alguém acometido por Alzheimer…. Em meio a um terrível e dramático processo de perdas, não podemos esquecer que nunca perdemos nossa dignidade! Difícil termos palavras, melhor silenciar e abraçarmos solidariamente nossa própria vulnerabilidade e a de nossos semelhantes, cuidando-se e cuidando dos outros!

Obs: Publicado em http://www.a12.com/artigos

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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