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Poderia ficar aqui sentada na frente do espelho o dia inteiro. Não é egocentrismo. Muito menos narcisismo. Apenas uma tentativa de me encontrar.
Já não reconheço nesses traços nenhum conforto. Os gestos não são meus. O sorriso tão pouco. Os olhos? Esses estão perdidos, sem eira nem beira. Ora alertas, ora desatentos, logo são inundados. Inundados por sonhos, promessas, conquistas, perdas, feridas. São inundados por aquilo que eu sou. E o que fica é tudo aquilo que eu menos gosto.
E já não quero que me acompanhe. Tento achar um jeito para que a imagem se prenda no espelho. Essa não sou eu, não são os meus pensamentos e os meus sentimentos que dão vida à essa imagem amargurada. Que ela fique presa, que não se liberte. Que seja mais uma máscara, mais um reflexo, abandonado em um canto qualquer.