Ina Melo 15 de outubro de 2017

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A mulher acordou e a imagem refletida no espelho não era dela e sim da outra, alma gêmea que habitava seus pensamentos. Que estranha sensação de ser ver jovem e sensual, deitada sob lençóis de cetim brancos, formando contraste com a pele queimada pelo sol. Cabelos pretos encaracolados caíam em cascatas sobre os ombros e olhos verdes, felinos, imensos, faiscantes de vida.

Travaram um diálogo.

– Que fazes aqui, perguntou ao espelho? Por acaso vens lembrar um passado distante e adormecido? O ontem está cada vez mais longe, porque ressuscitá-lo?

– És má, repetiu para a imagem refletida no espelho.

– Ora amiga, respondeu o Espelho: os sonhos não envelhecem. A memória guarda-nos como nos queremos ver. Lembras do sonho de ontem? Fostes beijada e abraçada por ele, o teu herói. Tu a mulher de hoje, de alma leve, aberta para o amor e com uma vida plena de experiência.

– Por que temes o retorno da paixão? Que mal ela te fez? Não gostastes do beijo? Não te sentiste viva?

– Acorda, vai à busca do objeto do teu desejo. Ames a não temas ser feliz! Praia de Boa Viagem.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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